terça-feira, 22 de agosto de 2006

Festival Calango - Uma viagem!

Hell City é uma farsa!!

Sim, é isso mesmo! Chegamos em Cuiabá na sexta feira, ao meio dia, e fomos recepcionados pelos termômetros marcando 20°! Tava frio em Cuiabá! Frozen Hell City, só se for. Mas o restante da expectativa foi altamente atendida, Cuiabá é rock até o talo e o povo de lá é ouro brilhando na noite.
Vamos por partes para não assustarmos quem chegou agora. O SANGUE SECO foi convidado para tocar no Festival Calango, o que muito nos empolgou e honrou, afinal de contas é um dos quatro maiores festivais de rock independente do país. Já tínhamos tocado no Bananada 2006 e agora íamos seguir a jornada pelos grandes festivais. Muita ansiedade e expectativa. A perspectiva de tocar para o público de Cuiabá, tido e havido como exigente e vibrante, além da situação real de encontrar bandas do país inteiro, pessoas que só conhecíamos pela internet, por MSn´s e orkuts da vida. Tudo prometia um fim de semana inesquecível. E foi.
Saímos de GoiâniaTown numa tropa unida, todos os SANGUES SECOS e os JOHNYS SUXXS, além de produtores, resenhistas e representantes de selos num só ônibus com destino a Cuiabá. Não era um ônibus fretado, como me fez crer minha empolgação, mas o ônibus comercial e normal da Expresso São Luiz. No volante o frito maluquete João Batista.
Noite alta nós pegamos a estrada e – como era de se esperar – a bagunça dentro do ônibus era enorme. Muita risada, alguns goles de whisky temperados com pedaços de rapadura (que eu levei, pois sou prevenido.Coisas de quem tem mais de trinta) e uma música assombrava nossos sonhos: “Kinky reggae” by Mr. Marley. Além de pedaços de estrada dignos de pesadelo, em que malas e sacolas voavam dos bagageiros sobre viajantes sonolentos, e eu – com minha paranóia ligada no último volume – dormia com um olho aberto e só conseguia pensar: “A qualquer momento, a qualquer momento”; esperando alguma mala ou baixo desabar na minha cara.
Ao nos aproximarmos de Cuiabá, depois de passarmos pela CEFET-Cuiabá, já começamos a nos surpreender, pois vimos até neblina nos arredores, e como poderia haver neblina numa terra que – segundo informes da Talyta – havia vivido a doce temperatura de 43° dias antes? Algo estava errado.
Chegamos em Cuiabá e a farsa se revelou: Hell City my balls! A cidade estava fria, e praticamente ninguém havia levado agasalho, blusa de frio nem nada que esquentasse mais que uma camiseta cavada escrita “Fósforo”. Sinal de problemas, mas que se dane, a idéia era chapar a cara do que houvesse e cair no rock. Sem C&A na cidade, a escolha seria enfrentar uma Riachuelo ou o frio que se iniciava. Resolvemos peitar o frio.
O tratamento foi profissional e primoroso desde o primeiro segundo fora do ônibus, com os educadíssimos Barney e Walessandra (Wally para os íntimos. Onde está ela?) nos conduzindo à van refrigerada (tava frio lá fora, desliga esse ar condicionado!) e ao nosso hotel. Barney surpreende a mim e ao Flávio Calango dizendo que havia “uma turma do metal” nos esperando no hotel, para bater papo. Eu fiquei com cara de idiota e o Flávio caiu na risada. Quem ia esperar o SANGUE SECO para bater papo, pelamordedeus? Depois descobrimos que o frito do Barney havia nos confundido com o Subtera, talvez pela idade dos integrantes. Normal.
Hotel legal, camas e chuveiro (mais do que o suficiente para quem nem queria dormir nem tomar banho) e fomos almoçar. Um restaurante de alta qualidade, com comida à vontade, e isso era um convite a um suicídio, pois eu comi três vezes, sendo que o terceiro prato foi um generoso monte de feijoada que estava deliciosaço. Depois de comer feito desesperados, dormir era a opção mais indicada, mas antes disso fomos conhecer o local dos shows, que iriam acontecer à noite.
Eu fiquei assustado, confesso. Pensei que o povo do Espaço Cubo tinha dado cogumelo pra vaca comer e fumado a merda seca, só podia. O lugar era gigantesco! Dois palcos enormes, barracas de tudo (um pastel de queijo deliciosíssimo, mas assassino que derretia céus da boca descuidados) e muito espaço no backstage para as bandas se conhecerem, baterem papo, socializarem e se embriagarem de rock e de cerveja Cristal.
Fomos ao hotel dormir e logo chegou a hora de irmos para o show. O SANGUE SECO seria a segunda banda da noite, o que foi ótimo porque ainda estávamos sóbrios. Alguns problemas de PAs acabaram por inviabilizar os shows das bandas que haviam participado das prévias, uma pena, mas isso acontece.
Fomos ao palco para a passagem de som com um trabalho muito profissional do conhecido Phu de Brasília, detalhista, educado e tranqüilo nas perguntas e orientações, sempre assessorado pelo fritíssimo Jeff Molina do Borderlinez e DBCF. Recebo então a triste notícia de que não poderia subir ao palco com nenhum líquido, e eu que sempre bebo nos shows fiquei com a boca grudando de tão seca, mas uma inspiração divina de última hora me lembrou que meu cantil estava comigo e que eu poderia então enchê-lo de... água! Isso mesmo, meu cantil que tantos destilados já comportou e me serviu foi comprometido com água. Água é um troço meio nojento porque peixes transam dentro daquilo, mas era o jeito e foi assim que aconteceu.
Rockassetes de Sergipe sobe ao palco e leva um rock cheio de detalhes e variações, com o que me pareceu um pé e meio na Inglaterra sessentista e uma música que eu estou cantando até agora “Sogra boa é aquela com a boca de aranha”. Nessa hora ainda havia pouca gente, o povo estava chegando, mas isso não os impediu de tocar com tesão. Engraçado lembrar que a apresentação das bandas era sempre feita por um casal do teatro que divertiam o público, anunciando as bandas e fazendo palhaçadas mil. Acredito eu que eles devem ter improvisado mais da metade do que falaram nas apresentações, o que tornou tudo bastante divertido.
Chegou a nossa hora. Eu estava pilhado e nervoso, claro. E para meu desespero alguma coisa aconteceu entre a passagem de som e o começo do show, porque o som do bumbo da bateria estava muito alto, e me tirava do rumo facilmente. Mas “forante” esse detalhe, o show foi massa. Na terceira música já tinha uns fritos fazendo roda de hardcore e pulando na frente do palco, gritando com a banda, e nós fomos empolgado e eu percebi que mais importante que um produtor ou um baixo novo, nós precisamos de um personal trainer. Ou pelo menos EU preciso, porque o pulmão já estava quase saindo da boca, um gosto de sangue nos dentes e se tivéssemos mais dez minutos de show eu ia sair de ambulância. Tô ficando velho mesmo.
Descemos satisfeitos do palco e já fomos entrevistados pelo doido do Kleber, e eu já não estava mais vendo nada, de tanta alegria pelo que estava acontecendo. Recebemos o aviso de que a banda tinha direito a 19 cervejas. Dezenove? Porque não vinte ou quinze, meusantodeus, mas logo dezenove? Isso ainda vai virar um conto, mas por agora basta saber que depois ainda ganhamos mais umas vinte e tantas cervejas. Não é de se estranhar que toda noite eu voltava completamente embriagado para o hotel.
Além disso, fiquei sabendo que eu sou “muganguento”. Isso mesmo, a esposa do Hélio, guitarrista dos Coveiros, que infelizmente eu não me lembro o nome dela, mas uma pessoa gentil demais, me chamou de “muganguento”, que quer dizer “gente que faz muita careta”. Pirei, porque eu nem sabia que alguém reparava nisso.
Depois da gente foi a vez do Sinestesia, do Tocantins. O baixo alto (eu escrevi isso mesmo? Putz!) e o som pesado desses três figuras esquentou mais ainda o povo que cada vez chegava em maior quantidade. Aí veio o Chilli Mostarda com uma mistureira de estilos que o povo de Cuiabá adora, porque dispararam a pular e cantar as músicas, fizeram um show altíssimo astral. E o vocalista é uma figura única, pulando sem parar e com uma das vozes mais límpidas do festival inteiro. Show legal!
Nessa hora encontrei o vocalista da banda Zagaia, de Cuiabá, que me parabenizou pelo show e me ofereceu um gole da sua long neck. Como eu estava com uma lata na mão, eu agradeci, mas ele sugeriu que eu deveria provar. E eu pensando que fosse uma cerveja diferente da patrocinadora do evento, virei a garrafa tranquilamente. Tomei três goles enormes até perceber que eu estava bebendo a mais nervozza pinga cuiabana. Adorei, claro, porque gosto muito de cachaça, mas percebi que algo não ia terminar bem.
Aí o mal chegou no Calango. Foi a vez dos Coveiros. Pausa para uma explicação. Eu já tinha trocado algumas idéias com o Giovani, vocalista dos Coveiros, no MSN quando fui pesquisar como fazer pra tocar no Beradeiros, que é o festival lá do norte, de Porto Velho, e o cara era de boa, tranqüilo. Quando nos encontramos no hotel eu fiquei surpreso, porque ele tem cara de menino mesmo (apesar de não ser menino losna nenhuma, o cara já é curtido) e o resto da banda também é um monte de cara novinho, ao menos na aparência. Mas no palco os caras são do mal. Totalmente do mal. Eu estava no backstage quando começou e eu fiquei assustado com o rugido que saía nos amps, pensei que havia acontecido alguma possessão demoníaca ou coisa parecida, e ao chegar lá na frente, eis que o cara educado e cara-de-menino tava arregaçando a garganta. Coveiros é muito pesado. O Bocão, batera do SANGUE SECO, ficou empolgado com o som dos caras, segundo ele uma “mistura de trash com crossover que ele não via há muito tempo”. Foi um puta show.
Nessa hora a pinga do Zagaia já estava enevoando meus olhos e eu vi o povo do Enne no palco, mas o Thomaz estava andando tranquilamente no público. Corri mais que depressa para avisar o sujeito que a banda dele estava começando o show, que ele não havia percebido, para só então descobrir que o Thomaz é produtor da banda e não toca nela. E eu sempre me perguntava se ter chapado o melão no último show do Enne em GoiâniaTown tinha me feito perder alguma coisa. Quase nada, só o fato de que o Thomaz não toca na banda. Putz!
Não me lembro de muita coisa do show do Enne, confesso. Estava embriagando. E logo em seguida veio Johnny Suxxx´n the fucking boys. Que show! Divertido, rockão (mesmo com uma guitarra a menos), sem parar para respirar, e uma galera ao meu lado gritando sem parar para o João Lucas: “Viado! Viado!” como se ele fosse se importar. E no final o golpe de mestre, eis que eles convidam ao palco para a cover de T-Rex, o adorado – ao menos em Cuiabá – Daniel Belleza. O povo enlouqueceu! As vozes se combinam muito e a banda foi junto na loucura. Final apoteótico. Eu cada vez mais torto.
Zagaia me pegou tentando acessar a internet no backstage, porque eu não conseguia digitar minha senha direito, e o que deveria ter levado alguns segundos me tomou minutos enormes. Sem nem saber o que eu tinha digitado num posto do Orkut, na comunidade Goiânia Rock City, corri para ver o fim do show do Zagaia, mas eles enfrentaram uma série de problemas técnicos também, e na hora que um guri pegou o microfone aí eu ri de rolar. O menino cantava com uma voz que não encaixava nele, ou pelo menos meus olhos e ouvidos já não estavam encaixando mais muita coisa. Zagaia é pesado também.
Logo em seguida viriam os doidos do Dead Rocks. Confesso que eu piro pra essa banda, para mim uma das melhores que tocaram no Bananada 2006 e no Festival Calango. Novamente quando eles tocaram, emendadas as músicas de Cartola e de Candeias, eu segurei para não chorar. É lindo demais. Showzaço, como sempre.
Madame Saatan também conta com muitos pontos a favor. A banda é muito entrosada, é muito violenta, tem a Sammliz no vocal e o povo adora. Difícil errar desse jeito, né? Outro show destruidor. Mas eu já não estava entendendo mais as letras das músicas. A situação tornava-se preocupante.
Eu não conhecia Borderlinez, mas gostei muito. Rápido, divertido, nervozzo. Show que pega pela jugular, muito rápido mesmo. Mas desligaram o som antes do fim do show, e isso pegou mal, porque todo mundo percebeu e a banda não fez questão de esconder a putice na hora. Acontece? Acontece, mas não precisa.
Fuzzly eu não vi. Estava completamente em órbita. E aí eu fui conversar com o Billie, baixista do Dead Rocks, que é um cara super de boa. Eu querendo saber como tinha sido a excursão pela Europa e o que tinha agendado pra banda, e ficamos numa prosa de alta qualidade até o momento que Subtera subiu ao palco. E aí fomos ver o show. Precisávamos ver o show. O troço é muito barulhento.
Dois vocalistas guturais que tem a voz parecidíssima, fazendo parecer que era só um cantando o tempo todo. Muita fumaça na introdução, com uma música instrumental super climática, parecendo que eles tinham contado com a parceria de alguém do teatro para dirigir aquele começo de show. Não é o som que eu gosto mais, é muito rápido e muito barulhento para mim, mas naquele momento nada menos que aquela destruição ia entrar na minha cabeça. Eu ouvi e vi o show. E aí eu não lembro de mais nada.
Dizem que demorei quarenta minutos para acertar minha cama no quarto. Um quarto com cinco camas, e que até chegar na minha eu deitei em tudo que havia horizontal no quarto, camas dos outros, mesas, tapete, bidê, tudo. Uma vergonha! Só não é vergonha maior porque eu não lembro de nada disso. Normal então.
Sábado prometia, porque ia ter o churrasco das bandas, jornalistas e produtores. Fomos para o outro hotel, onde estavam os produtores e algumas das bandas, e descobrimos que o nosso hotel era bem chinelão perto desse. Esse tinha piscina, palmeiras, churrasqueira, esquilos (pira?? Tinha esquilo!) e o nosso... o nosso não tinha piscina, churrasqueira e nem um periquito. Tudo bem, estávamos bem acomodados.
Chegamos e logo o churrasco começou a ser servido pelo Professor Mauro, figuríssima ímpar, produtor de inúmeras figuras do rock nacional e contador de piadas com PHD. Churrasco excelente, cabe comentar, com variedade das carnes servidas, cortes bem realizados e carnes de maciez e textura ideais. Além da cerveja geladíssima, não precisaríamos de mais nada, mas ainda tínhamos as outras bandas para socializar e conversar e trocar idéias. O povo do Madame Saatan é especial, o casal Sammliz-Ícaro realmente impressionam, Edinho também é figura, e fiquei sabendo do início da banda e um monte de histórias curiosas.
O momento melhor para mim foi quando o Beto Decibélica sugeriu para Sammliz – e ela aceitou, disso me lembro mui bien – que na próxima vez que as bandas se encontrassem, fizéssemos um SAATAN SECO, juntando as bandas em “Inimigo Íntimo” (nossa) e “Vingança” (deles). Eu adorei a idéia, porque para nós vai ser uma honra quando isso acontecer, certamente.
Muitas cervejas, muitas frases inesquecíveis, risadas aos montes, “pessoas não confiáveis” (Victor, eu tinha que falar isso!) e a tarde passou rápida. Voltamos ao hotel para um banho e correr para o festival, mas nessa correria acabamos perdendo as duas primeiras bandas de sábado, Regra Zero do Rio de Janeiro e Bonnie Situation de São Paulo. Quando chegamos na universidade o show do Asthenia de Cuiabá já corria pelo meio, e o Vinícius veio doido correndo: “Cara, eles ofereceram música para o SANGUE SECO!! Esses guris gostam mesmo de vocês!”.
Eu fui para a frente do palco e o Kleber ainda ofereceu outra música para mim, o que eu achei bastante legal e generoso da parte dele. Hardcore rápido, mas os meninos tem caras de serem tranqüilos, e isso fica interessante porque fica contraditório. Enfim, o som é legal e é porrada.
Não vi Mezatrio. Vi um pouco, mas nessa hora eu já estava começando a sentir as cervejas e as caipirinhas da tarde inteira chegando ao meu cerebelo, e tudo começa a ficar confuso. Eu preciso beber menos nesses lugares.
The Melt eu só vi quando o cara encharcou o palco inteiro com uma garrafa de água, o que deve ter enlouquecido o Phu, e quando o guitarrista destruiu a guitarra dele em muitos pedaços bem pequenos. Mas nessa hora eu estava dando risada com o Marcelo Demosul e o Rodrigo do Trilobita, então não entendi bem o que tinha acontecido naquele momento. Sapatos Bicolores eu não fui ver, mas vi que o povo pulou bastante, o que é normal no show deles. Rockão básico e divertido.
E aí eu tive um momento inesperado. Eu tinha visto o Porcas Borboletas em Goiânia e tinha detestado, teatral demais (logo eu que sou do teatro), MPBístico demais. E o João Lucas me aporrinhando falando que a banda era massa, que eu tinha que ouvir de novo, então fui lá ouvir, numa má vontade monstra.
Não é que eu achei o trem melhor do mundo? A música do moleque que queria um Nike é hilária, e os caras agitam mesmo o público. Revi meus conceitos e não comprei um Palio, mas de Minas agora tem também o Porcas Borboletas na minha coleção de coisas boas.
Los Porongas é uma banda que eu tenho prazer em gostar muito. Primeiro porque a banda é boa. Outra porque a banda é engajada. E outra porque os caras são muito legais, e isso facilita gostar de qualquer banda. Ou não? O show deles é bom, o povo de Cuiabá já gosta muito e ficava pedindo músicas, e o Diogo tem uma voz que impressiona. Já tinha gostado deles no Bananada, só confirmei a impressão. (Diogo, já leu o conto? Prometeu tem que cumprir!)
Não vi Revoltz. Nessa hora eu estava conversando com o Bruno Montalvão, que produziu a MTV Tour Independente, cara super legal, calvo como eu e simples. Isso que mais me impressionava, porque eu via essas pessoas nas notícias, nas manchetes, nos sites, e achava que eram todos estrelas, babacas e arrogantes. Pois são todos – os que tive contato – pessoas simples, gente boa e que adoram uma boa prosa. Eu que devo ser um completo jeca mesmo. Enfim...
Pelebroi Não Sei é outro que garante um show divertido, com as coreografias ridículas do Oneide e o som punk rock ramônico violento que eles fazem. Derrubaram o povo, que pulava sem parar. Oneide é figura, na noite de sábado, poucas horas antes de irmos para o festival eu tomei meu banho, me arrumei e desci para um bar ao lado do hotel. Estavam lá o Daniel Belezza, Oneide, Pablo Kossa, e fomos tomar cerveja. Oneide se vira pra mim e fala: “Esse deveria ser o cheiro que ia ficar se resolvesse tomar banho!”. Falar o que, né?
Macaco Bong é uma puta banda boa. Eu nem sei direito onde eu estava nessa hora, porque de novo estava embriagado (putz, vai ficar parecendo que eu sou um alcoólatra perdido. Mas perdido eu não sou!), mas acho que estava comendo pastel de queijo e pegando meus livros e CD´s que tinha direito, por isso não vi o Marcelo Demosul tocando baixo com eles. Todo mundo disse que o cara destruiu.
Como? Não entendeu sobre os “livros e CD´s” que eu tinha direito? As bandas recebiam créditos para trocar por livros e CD´s no festival. Legal isso, não? Eu peguei um monte de coisas que ainda não tinha e um outro monte maior de coisas que não conhecia. Finalmente tenho o CD do Ressonância Mórfica (Agregados onímodos malditos), além dos cd´s do Meu Xampu Fede do Tocantins, Frila, Switch Stance, Cash for Chaos (a banda clássica de GoiâniaTown), um cd da HC Scene de Londrina, Brinde da Bahia e o cd da Maldita. Hoje terça feira, eu ainda não ouvi nada que trouxe, porque foi tanta coisa, e ainda teve os livros legais que pude pegar. As coisas que o Espaço Cubo inventa são muito criativas e todo mundo fica felizão no fim da história. Eu fiquei.
Bão, aí era o show do Ludovic, que vai tocar no Vaca Amarela em Goiânia. Os caras são muito bons, todo mundo sabe. O show deles é destruidor, todo mundo sabe também. Mas fiquei sabendo que são também caras legais. Putz, eu realmente sou um jeca. Mas é que demos muita risada do batera deles, que o Finatti chama de “Tetinhas”, e o Jair, vocalista, não tem nada daquela violência toda que ele derrama no palco. Enfim, outro show marcante.
Vanguart em Cuiabá é moleza. Os caras são amados no país inteiro, que dirá na terra deles? E o show é bom, a folk que fazem é diferente do que eu ouço normalmente, mas é inegável que as músicas são grudentas em sua poesia, em sua leveza, e eu voltei para GoiâniaTown cantando “Semáforo” sem parar. Fazer o que? O troço é bom!
Astronautas eu já não vi. Melhor dizendo, vi por trás do palco, porque já estava indo embora. E também não me lembro de muita coisa, porque chapei o côco de novo.
No domingo almoçamos muitão de novo, e deu uma preguiça monstruosa, porque o calor de Cuiabá começava a aparecer. Eu fiquei sabendo que teria que vir embora no domingo mesmo, por causa do trabalho, uma pena porque havia me planejado para assistir o festival no Domingo e ver o show do Trilobita e do Lazy Moon, que estava muito curioso. Não ia dar.
Almoçamos e esperamos a van que ia nos levar ao debate do Circuito Fora do Eixo. Depois de umas quinze vans que enchiam e esvaziavam numa velocidade impressionante (depois explico isso, talvez) conseguimos ir para o local dos debates. E foi outro ponto alto do fim de semana, com aquele tanto de produtores de festivais, gente representando meios de divulgação e bandas, e uma discussão produtiva, prática, pragmática, focada no trabalho a ser realizado. É bom saber que tem muita gente no país inteiro trabalhando duro pelo rock independente, e é melhor ainda ser parte dessa onda toda.
Pegamos o ônibus aos quarenta do segundo tempo, chegamos lá em cima da hora, levados novamente pela Walessandra (Wally. Alguém achou-a?) que nos acompanhou até tuuuuuuuuuudo estar resolvido e podermos embarcar. Ao chegarmos no ônibus, quem era o motorista? O frito do João Batista!! “Ah, mas vocês gostaram de viajar no meu carro. Que coisa boa!” rimos de rolar da coincidência e afundamos nas poltronas do São Luiz. Direto pra casa.
Ainda teve tempo para um papo sério no ônibus entre o Flávio, eu e o Ricardo Sahaquiell, nosso roadie, fotógrafo, amarrador de crachá oficial. Inesquecível!
Um fim de semana inesquecível!
Eduardo Mesquita - O Inimigo do rei

4 comentários:

Anônimo disse...

cara que narrativa genial, qualquer um que lê sente inveja dessa onda de banda, o nome da esposa do Hélio é Alzanira, a mulhar é louca mesmo e a coveiros é porrada geral, Los porongas pra mim também é sensacional, ainda ão deu pra ouvir tua banda, mas já se tem boas expectativas...
cara tu não sofre de aminesia alcoolica não?

Anônimo disse...

Adooooooooooooooooooooooooooroooooooooooooooo....ainda não encontrei a Wally....hahahahah....sua narrativa foi riquíssima em detalhes....melhor impossível....adorei conhecer todos vcs....qto a vc ser jeca em achar que as pessoas são metidas e ao conhecê-las estar redondamente enganado...somos dois jecas no mundo entaum....esse final de semana com certeza será relatado por muito tempo pros meus amigos que perderam tudo isso....para que eles morram de inveja é óbvio....hahahahaha
É isso ae...um abraço enorme pra vc Edu e pros meninos todos...nem preciso perguntar se fizeram boa viagem... :*******

Anônimo disse...

Cara tu é fodásso mesmo, pra escrever tantas coisas bacanas assim, adorei as críticas sobre os shows, inclusive a minha...só um detalhe, eu não quebrei nada, quem quebrou foi o cara do Melt (q destroiu a guitarra no palco) e o finatti numa cena inesquecível quebrando tudo atráz do palco...akakaka.

abraço meu brother, foi um prazer conhece-lo pessoalmente.

Anônimo disse...

kra num pude ver vcs tocarem, mais q porra e essa? eu q num paro para ler nem meus recados, nao consegui para de ler, mas posso imaginar como foi o show, tocamos no sabado, fomos a primeira banda, mas foi massa ate a proxima.