sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Um buraco no Fora do Eixo!

Essa semana um texto me chamou a atenção. Foi feito pelo Richard, que tem um selo aqui em GoiâniaTown, o Anti Records.

Isso porque o velho escritor já falou sobre a burrice da unanimidade, pois eis a voz dissonante que aponta falhas numa idéia que vem recebendo loas e incensos por todos os lados: o Circuito Fora do Eixo.

Já disse ao Richard que não concordo com tudo que ele disse no texto, mas pela coerência do texto, pela coragem de expor o que pensa e pela contribuição que qualquer discussão pode trazer para um projeto, pedi e ele me autorizou a colocar o texto aqui no blog.

Leiam, reflitam e ao final eu coloquei o endereço do tópico do orkut em que ele colocou esse artigo inicialmente. Vamos alimentar a discussão, se não for para mudar algum comportamento, que ao menos possamos reforçar os já existentes.

Ou no mínimo para ouvir / ler o pensamento de um cara que briga muito pelo rock independente e que por isso merece meu respeito. Agora quem fala é o Richard...


Buraco no circuito fora do eixo

Antes de qualquer coisa, quero deixar bem claro minha intenção ao escrever este simples artigo. Não quero de nenhuma forma, atacar meus companheiros de trabalho na produção de shows aqui na cidade, cujo trabalho é fundamental para o respeito em âmbito nacional que a cidade tem quando o assunto é rock independente. Mas ao ver o que acontece na cena hoje, sinto no direito de dar uma posição às bandas com que trabalho, que algumas vezes (e com certa razão) se sentem injustiçadas com o espaço que lhes é concedido e com o pouco apoio que lhes é dado. Porém, hoje nos meios informativos do “rock fora do eixo”, é muito claro ver a ascensão de bandas de certos estilos que caem no gosto de quem está ligado e detêm os meios de comunicação e a produção de shows nesse meio. Não vou esconder minhas críticas e nem trabalhar com indiretas, por que acho que o que eu tenho a dizer é realmente necessário, pois vejo claramente bandas de trabalho recente tendo seu trabalho reconhecido (o que é muito bom), porém vejo bandas que estão literalmente ralando e seu trabalho ainda está longe de ser reconhecido. E tenho em minha visão, que o motivo é o simples fato de que, nesse meio se criou um “padrão” para o rock goiano, que acaba por desmerecer outros estilos fora do stoner ou do indie.

Vamos então aos fatos: Criou-se uma espécie de liga do rock and roll que inclui a cidade de Goiânia, o chamado circuito fora do eixo. Este circuito foi feito para, entre outras coisas, fortalecer a cena cada vez mais crescente fora dos grandes eixos no meio do rock, onde acontecem grandes eventos regularmente. As principais representantes deste circuito são Cuiabá e Goiânia. O trabalho tem sido de um modo geral muito bom, não fosse por um buraco, que com certeza posso afirmar, vem se tornando cada vez maior, e, mesmo assim, não atraiu a atenção da produção que representa tal circuito na Goiânia rock city.

Vamos então falar primeiro da propaganda. A revista DECIBÉLICA, hoje creio que a única que tem o potencial de atingir toda a cena, é o meio que pode mostrar este buraco, devido às reportagens. O trabalho é muito bom, a parte gráfica da revista é muito boa, os releases no geral são bem explicativos, porém a vontade de trabalhar na cena como um todo não é tão boa assim. A revista mostra a cena goiana, no geral, focando apenas duas produtoras da cidade: a Monstro Discos e Fósforo Records. De acordo com esse olhar, alguns estilos como o punk rock tradicional, o hard core (melódico, crossover, nova-iorquino, etc) e o metal ficam sem espaço devida a construção que se faz de Goiânia como a cidade do indie e do “hard rock” (é errado dizer mas estou incluindo nessa linha o stoner e o glam).

Em questão do surgimento de bandas novas, é inegável o potencial delas em todos os estilos. Mas os olhos dos festivais que estão no Circuito Fora do Eixo parecem não achar tanto, visto que as novas bandas que sempre são convidadas para os shows, são em sua maioria dos estilos que configuram o rock goiano segundo estas produtoras. Realmente me deixou meio instigado ver o release do Circuito da revista DECIBÉLICA colocando Goldfish Memories como uma das bandas que mais se destacou este ano. A banda é muito legal, tem a pegada boa, e tem entrosamento, mas não chegou perto de ser colocada nos destaques deste ano. Isso desmerece o trabalho de algumas bandas novas que ralaram, fizeram shows durante todo o primeiro semestre, lançaram material e conquistaram um público muito considerável. Só não tem o mesmo mérito que a citada Goldfish por uma questão de gosto pessoal.

Agora, neste ano, me parece que estas produtoras sentiram uma queda no seu público (o que é bem verdade, pois pra mim isso é frequentemente reclamado). Isso é um acontecimento que nada contra a maré, já que a cena aqui está em ritmo de crescimento. Porém, se eles, juntamente com a fiel escudeira revista DECIBÉLICA, julgam o nível das bandas novas de acordo com o seu gosto pessoal, e sempre colocam as melhores em seus shows, não entendo então o porquê da falta de público. Eu não sinto esta falta de público nos meus shows quando vejo um show da Duup lotado, com direito a moshs e rodas de hard core, ou um show divertido e direcionado com o Tcholas, e por aí vai. Já que eles têm o direito de fazer tais julgamentos, eu julgo também os destaques deste ano, porém levando em consideração os vários shows feitos por estas bandas e os materiais lançados. Incluo as 4 bandas que lancei este ano (Duup,Tcholas, Lascívia e Os Fronhas), cujo trabalho foi gratificante e reconhecido pelo público que foi aos shows, quase sempre cheios. Aos Engravatados, que neste ano fizeram vários shows, tem um puta de um guitarrista bem criativo e gravaram varias músicas que podem ser conferidas nos links que deixarei abaixo. The Envy Hearts, esta sim a grande campeã do stoner, totalmente redonda. Gloom, que toca direitinho e caiu no gosto do público que busca atingir. Funbox, que foi promessa quando surgiu, mas que por uma grande ironia, deixou de ter importância dentro da produção que hoje está no circuito quando abandonou a influencia stoner no seu trabalho. No Dolls, punk com ênfase na luta feminista e o Joana D’ark, que é muito criativa, com destaque pro batera.

E pra finalizar, quero deixar claro mais uma vez, que não estou desmerecendo o trabalho de ninguém, muito pelo contrário. Porém, o circuito é que as vezes parece desmerecer nosso trabalho.


Para quem quiser conferir o tópico e os argumentos surgidos, e também quiser colaborar na discussão, o endereço é esse aqui:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=10440997&tid=2491175057132527052&na=4
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com
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6 comentários:

Anônimo disse...

concordo c tudo o q foi escrito pelo richard, nao conheço ele pessoalmente, mas respeito o q ele se dispos a fazer. tambem acho q dessas produçoes (decibelica, monstro e fosforo) sempre sai a mesma merda de sempre... esse sonzinho indie-gay, som pra boi dormir, com shows completamente desempolgantes, chatos, choroes... isso virou moda. igual akela porra de bang bang babies, bando de pirralhos q nasceram num fest mal-organizado p caralho, e de repente ficou famosa, pq tem um monte de paga pau do estilo. a banda é ruim, o som é uma merda e akele serzinho q canta é um bostinha, filho do fabricio nobre, que acha q é legal pq tem uma banda e acha q sabe das coisas, mas na verdade eh um pirralho modista, faz uma mistura de mqn com white stripes e se acha "criativo"...
realmente é deprimente essa parada, é por isso q essa chamada "cena" não vai p frente. pq quem esta "dentro" dela, se acha demais... a cena eh supervalorizada por ela mesma! as 3 maiores, digamos, fontes de divulgaçao (monstro, decibelica e fosforo), em suas respectivas areas, trabalham sempre c a mesma merda... e quer saber? isso massifica, fica chato, enjoativo, e o pior: cria extrema antipatia por quem acha tudo isso uma grande merda... quando as crianças q frequentam e que tocam esses show criarem cabelo no saco, eles vao mudar de praia... os indies hj em dia são pior do q os black metal, só ouvem, assistem, respiram, procuram INDIE, fecham a cara e os ouvidos pra qualquer outro estilo (inclusive os que deram origem ao famoso stoner)... conhecem as novas bandinhas da suécia, mas nao conhecem bandas boas e velhas dos EUA, q é de onde surgiu o embriao de toda essa ideia fake chamada "stoner"...

foda-se, escrevi demais, mas nao vou mostrar minha cara... achou ruim eu ter escrito como anonimo? problema seu, eu nao quero ser alvo de antipatia como os citados acima...

é isso

Anônimo disse...

Esse povo de Goiânia se auto-intitula "a Seattle brasileira", "a meca da música independente nacional".
Mas o que acontece com todas essas bandinhas da moda? Esses Goldfish Memories que nascem do dia pra noite com trocentos fiéis idiotas pagando pau em orkut, esses Bang Bang Babies que tocam mal pra porra, não tem ninguém que se destaca ali, mas todo mundo gosta porque é cria do MQN, é cria do Strokes. Cadê essas bandas? Em goiânia. Cadê MQN? Em goiânia. É por isso que eu acho massa, aparecer na MTV o Miranda no meio de um festival em Porto Alegre, virando pra câmera e falando "isso aqui é a CAPITAL do independente brasileiro". Sabe pq? Pq as bandas do sul estão na MTV, rodam o país cobrando cachê caro, tocam em tudo quanto é festival no país inteiro, ganham prêmio (de direção, que seja)...

E cadê as bandas daqui? Da auto-intitulada Seattle Brasileira?

"Uai sô, as banda daqui tão aqui uai, onde mais pudia tá?"

Podiam estar em qualquer lugar do país, se tivessem um pingo de humildade, e se tivessem um pingo de originalidade.

O "som de goiânia" está ganhando uma cara, assim como Seattle no auge do Grunge. A cara de Goiânia é a mesma do Rio Grande do Sul, mas com chapéu de cowboy, e como carro-chefe um Mamonas Assassinas cover ACLAMADO pelos boys que frequentam Noises e Noises, mas nunca estão nos shows ao longo do ano inteiro...

DECIBÉLICA, parabéns pelas suas capas e pelo direcionamento de suas "votações". Tão direcionadas quanto a "banda dos sonhos" da MTV.

O Sul provou que sabe fazer e aparecer FORA DO EIXO Rio-Sampa. Mas aqui em Goiânia, a cena é auto-suficiente. E auto-destrutiva tb.

Anônimo disse...

sou um anônimo de merda, minha opinião não vale nada!

Anônimo disse...

as bandas ficam famosas depois q o johnny come algum dos integrantes. Comeu o bang bang e agora ta comendo o goldfish!

Anônimo disse...

Acho q o Richard tem razao.para ser serio é preciso englobar tudo. as vezes tenho a impressao q minha banda nao existe nessa cidade. e tem tanta banda legal ai que eu gostaria de tocar junto!

Anônimo disse...

tá bão, richard.
e desculpa de alejado é muleta.
se agiliza carai!