quarta-feira, 19 de abril de 2006

LOADED - O Inimigo está no ar!!


Já ouviu o Loaded? No site www.loaded-e-zine.com ? Dos malucos de Sampalândia, Alexandre, Valter e Carlos? Putz, parece que não mesmo. É um zine virtual que apresenta as novidades da cena rock independente, com bom humor e criatividade, com três malucos apresentando e com muita banda de altíssima qualidade rolando na alta. O Programa já existe há seis meses, e nesse meio tempo vem se consolidando como uma referência em divulgação de bandas novas e cenas no Brasil inteiro.
Há três semanas eu comecei a participar do Programa, com interferências inimigas, apresentando o festival Bananada. O Grito Inimigo vem ecoando pelo mundo inteiro, e sempre levando informação, curiosidade e apresentando bandas que vão tocar no festival.

Para apresentar a idéia, eis aí os textos que eu urrei nos Programas. Na ordem, são dos Loadeds 22, 23 e 24. Só lembrando, se quiser ouvir os programas vá até o www.loaded-e-zine.com e clique em escutar os programas ou em escutar programas passados. Divirta-se ou desvista-se!

LOADED 22

Começa com Grito!

Sim, é isso mesmo! Conforme anunciado no Loaded número 21, agora existe mais um Loader. Meu nome é Eduardo Mesquita, eu sou O Inimigo do rei, e fui convidado pelo Valter, Carlos e Alexandre os três Loaders originais, para participar do Loaded. Como eles dizem, um dia tudo isso vai fazer sentido. Então de hoje em diante eu também estou aqui, gritando diretamente de GoiâniaTown, mandando notícias diretamente do olho do furacão, preparando as turbinas para o Bananada desse ano. Caras, muito agradecido pelo espaço!
E aqui eu vou falar do festival, da cidade, do local onde se realiza atualmente o Bananada, contar histórias, fatos, lendas, mas o principal propósito é provocar a curiosidade e a expectativa de quem vem para o Bananada. E também de quem não vem, pra passar vontade nesse povo. Já acertei com Fabrício Nobre, da Monstro, que vamos buscar anunciar em primeira mão as bandas que forem definidas para o Bananada desse ano, e apresentar para vocês algumas dessas bandas.
A gente vive hoje em dia uma ebulição enorme no rock independente, todo mundo está acompanhando, e junto à Abrafin (o Bananada é um Festival filiado a ABRAFIN – Associação Brasileira de Festivais Independentes), junto ao Circuito Fora do Eixo, junto aos festivais, selos, blogs, sites e milhares de bandas de todos os cantos agora também vamos colaborar de dentro da fera, do útero desse que é o zine virtual, programa de rádio virtual, mais sintonizado com tudo que acontece.

Aqui é Goiânia, e nessa cidade repleta de mulheres lindíssimas, bandas de tudo quanto é estilo e muito calor vai acontecer a Oitava edição do Bananada. Dessa vez tudo vai acontecer entre os dias 19 e 21 de maio, no eterno e simbólico Martin Cererê. Ainda vamos falar aqui sobre esse centro cultural, aguardem próximos programas. O Bananada desse ano vai contar com 44 bandas, em três dias de shows, com a bembolada estrutura de 02 palcos soltando som direto, praça de alimentação (e tomara que tenha aquele acarajé matador da tia de novo), bancas de cds, livros, quadrinhos, camisetas, tudo quanto é buginganga do rock para alegria do monte de gente que aparece do país inteiro pressa festa.

O bananada surgiu em 1999, de uma iniciativa do Fabrício. Ele tinha um selo na época chamado Me & My Monkey (e não me pergunte hoje porque esse nome frito) e queria fazer um festival, mas não estava achando um nome legal. Ele pediu sugestões para os participantes de uma lista de discussão na época e o Guedes, do Grenade, do sul veio com a idéia de Bananada. Muito a ver com o Me & My Monkey.
Quem vem para o Bananada, já fique sabendo, são muitas horas de rock direto, em que seus tímpanos e suas pernas são colocados à prova, porque quando domingo chegar, ao final de tudo você vai estar com os ouvidos zoando e vai descobrir músculos nas suas pernas que você nem sabia que tinha. É muito rock, é muito tempo em pé, andando, batendo papo, enchendo a caveira e chapando com tudo que acontece.
Hoje eu vou apresentar para vocês uma das bandas que já está definida para o Bananada 2006, o Automata.
O Automata é uma banda da Bahia. Os integrantes vieram de outras bandas, com a Pimps, Fantoche e depois, nos Estados Unidos, formaram a Dive. Mas as coisas engrenaram de vez quando eles voltaram para o Brasil e formaram o Automata. Músicas pesadas, criativas, mas o ponto forte inegável são as letras. Os caras mostram trabalho e cuidado para escrever, usando referências e trechos de coisas tão díspares quanto um discurso político e um artigo dum economista. O CD chama “Indivíduo-Ação” e a produção é do baterista da banda, Jera. Quem quiser ouvir as músicas, visita o site da banda no http://www.automata.art.br. Hoje nós vamos tocar “Sob os céus de Ba(h)ia”, aflando de torturas e reis que merecem morrer. Muito de acordo.

Aqui é o Inimigo do rei, direto de GOiâniaTown. Agora, a gente só está esperando a hora!
Há braços!

Loaded 23

GRITO

Sim, é isso mesmo, aqui é Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei, direto do Manicomial em Goiânia. Toda primeira vez é complicada, você se lembra do primeiro beijo ou da primeira aula na faculdade ou a primeira vez que subiu num palco para tocar, bate ansiedade, bate nervosismo, a pulsação dispara, a pressão aumenta e você sai disparado feito uma locomotiva sem freio, ou melhor ainda, como uma bicicleta sem freio. E na semana passada, na minha primeira participação aqui no Loaded, eu estava nervosão, e ainda tinha tomado duas canecas de café aqui no Manicomial, e o Gustavo faz um café thunder, e lá fui eu enfrentar a gravação com todos os sintomas de uma pré-síncope cardíaca. Mas entre mortos e feridos, todo mundo se salvou, e eu voltei para mais uma interferência no programa.
Semana passada começamos a falar da história do Bananada, pois vamos dar seqüência à saga. A explicação do nome do festival tem também suas versões paralelas, alguns dizem que o nome Bananada é uma resposta à tradição “rurar” da região e muito a ver também com o evento que acontece na mesma época em Goiânia, a exposição agropecuária. Cabe comentar que essa exposição agropecuária é uma das maiores do país, super tradicional aqui na região e no meio agropecuário de forma geral. Além disso, Goiânia tem a fama das duplas sertanejas, e inclusive tivemos um prefeito louco que queria criar o rótulo de Goiânia Country para a cidade. Veja, nada contra quem gosta de música sertaneja, mas o povo do rock sempre se sentiu incomodado com essa associação imediata, e esse pode ser outro motivo do nome do festival, uma Banana para a exposição agropecuária seria muito pouco, então vai uma Bananada.
Como falei semana passada, em 2006 serão 44 bandas no festival, mas no primeiro Bananada foram somente sete bandas, o que mostra a consolidação desse que é um dos festivais independentes mais influentes do país, e nesses anos já tivemos atrações de todos os cantos, do Rio Grande do Sul ao Pernambuco, do Mato Grosso à São Paulo, e até de outros países. Nesse tempo todo já tivemos Wonkavision, PinUps, Bois de Gerião, Carbona, Frank Jorge, All Systems Go, Man or Astroman, Lemonheads, Wander Wildner, a lista é enorme. Isso sem mencionar a quantidade gigante de bandas de Goiânia que já participaram do Bananada também, porque sendo parte da ABRAFIN, o Bananada precisa ter uma quantidade mínima de suas atrações formado por artistas e bandas do estado. Essa é uma das regras da Associação.
Bananada... essa não se faz com um quilo de banana nanica, 700 gramas de açúcar cristal e água. Essa se faz com muito trabalho, gente dedicada, um público fiel, tradição e bandas porrada. Nessa semana vamos apresentar uma banda que volta para destruir tudo, porque eles já estiveram aqui no Bananada de 2004, e puseram o Jóquei abaixo, deixando saudades. Estou falando do Pelebroi não sei?, banda de Curitiba, com seu punk rock alegre, rápido e falando de amores, mulheres, desilusões alcoólicas e um show louco, com um vocalista mais louco ainda. Esses caras já tem tempo de estrada, e agora vêm para Goiânia integrando o time da Monstro e preparando o terreno para o lançamento do terceiro CD, chamado “Aos Farsantes com Carinho”. O site da banda é o www.pelebroi.com.br e hoje vamos ouvir “Desculpe Baby” do disco “Lágrimas Alcoólicas”.

Aqui é o Inimigo do rei, direto de GOiâniaTown. Agora, a gente só está esperando a hora!
Há braços!

Loaded 24

Sim, é isso mesmo. Aqui é Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei, falando direto do Manicomial, contando uma semana a menos para o Bananada 2006. E hoje vamos conhecer um pouco mais o local do evento, o Centro Cultural Martim Cererê. Para quem é de fora, ouvir falar no Martim Cererê já virou motivo de muita curiosidade, e a verdade é que realmente o Martim é hoje um espaço perfeito para um evento do tipo do Bananada. Antes de explicar porque, vamos aos dados e fatos do local. O Centro Cultural Martim Cererê é um espaço da Agepel, que é a Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico, o órgão do governo estadual responsável pela gerência da cultura em Goiás. Foi inaugurado em 20 de outubro de 1988, numa festa inesquecível com a presença de artistas de todas as expressões, gente inusitada como Geraldo Vandré e muitos, mas muitos políticos. O Cererê foi feito em um local que abrigava três caixas d'água da Saneago, a companhia de água e esgoto do estado. O arquiteto Gustavo Veiga criou o projeto de um centro cultural que transformava essas antigas caixas d’água em teatros. Assim, os três grandes reservatórios de concreto (com capacidade para armazenar 500 mil litros de água cada um), foram adaptados e se transformaram nos teatros Yguá, Pyguá e Ytakuá, sendo esse último um teatro de arena. Fica na rua 94-A, no Setor Sul. Um dado curioso sobre o Martim Cererê é que as caixas d’água usadas para fazer os teatros foram também usadas pelos militares e pelo DOI-CODI na época da ditadura para prática de torturas. Supõe-se que muita gente morreu nessas caixas d’água, por defender aquilo que acreditava, mas hoje a arte ocupa esse espaço. Onde antes tombaram ideais, hoje sobrevivem sonhos, gritos, alegria e muita beleza. É um local bonito, com mangueiras enormes compondo o cenário, o bar Karuhá e toda a estrutura necessária para fomentar a arte no estado. E para um evento como o Bananada é o espaço perfeito, porque os shows são feitos alternadamente nos teatros Yguá e Pyguá, que ficam lado a lado, o que proporciona shows ininterruptos, rock direto e sem intervalo.
Ainda pode sobreviver uma curiosidade, e diz respeito ao nome do centro cultural. Martim Cererê é o nome do mais conhecido dos livros do escritor modernista Cassiano Ricardo. É um poema indianista e nacionalista longo, uma saga em que o índio, o branco e o negro tomam posse e inventam um novo país, o nosso país. Cassiano Ricardo, que morreu em 1974, foi membro da academia brasileira de letras, com mais de 50 livros publicados e se valeu do parnasianismo, do simbolismo, do modernismo, do neo-romantismo e do concretismo para fabricação dos seus poemas.
E vai ser nesse local, com tanta história, poesia e simbolismo que vamos receber nesse ano o Dead Rocks, a banda de hoje. Desde 2002 em atividade, o Dead Rocks é uma das boas bandas de surf-music nacional, vindos do estado de São Paulo e já tendo tocado por inúmeros países do mundo inteiro. Surf-music foi um dos estilos poderosos nos anos 60, e voltou recentemente a ser foco das atenções graças às trilhas sonoras de Quentin Tarantino. E não dá para não lembrar de Pulp Fiction ao se ouvir as guitarras harmônicas da surf music. O CD dos Dead Rocks, chamado “International Brazilian Surfs” é uma peça preciosa, confesso que eu fiquei surpreso. Não sabia que surf music podia ser tão boa. Quer saber? Os caras são indecentes! Além das muitas músicas próprias, cheias de criatividade e riqueza, eles fazem uma versão corajosa de “As rosas não falam” do Cartola que arrepia. E, na minha opinião a pérola do disco, uma versão surf-music para “Preciso me encontrar” de Candeia, a música belíssima que já foi gravada pela Marisa Monte e que embala a cena onde o personagem Cabeleira é executado pelos policiais no filme “Cidade de Deus”, com direito a inserção do início do áudio da cena do filme. Não é por acaso que esses malucos são super respeitados na Europa. Dead Rocks é loki!! O site dos caras é o www.rockisdead.org, e essa é a música bela que eles fazem. Vou até me calar, para vocês poderem ouvir os gritos desesperados da amada do Cabeleira. Compensa.

Aqui é o Inimigo do rei, direto de GOiâniaTown. Agora, a gente só está esperando a hora!
Há braços!


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