quinta-feira, 7 de junho de 2007

Thrash Core Fast 02 - cai dentro!

O Thrash Core Fast é um evento aperiódico e totalmente fundamentado nas bases do Do It Yourself / Faça Você Mesmo, visando a ousada proposta de unir as cenas Hard Core e Metal como era na saudosa década de 80. A primeira edição, felizmente revelou um ar passivo e o respeito mútuo entre as crews do tenisão branco e calça apertada (representada na ocasião pelas bandas Slaver e Eternal Devastation), e a ala da bandana e boné de aba empinada – Wc Masculino e DFC – sendo as bandas Mob Ape e Possuído Pelo Cão responsáveis por nos apresentar a fusão entre as partes. Quem foi, presenciou a insanidade do bagulho, e estejam certos, esse ano será ainda pior!
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Para esta edição, contaremos com duas revelações do Crossover paulista, as quais pisarão pela primeira vez por aqui. Além delas, teremos também os maloqueiros thrashers de Brasília e Anápolis, e a velha guarda do Hard Core local. Devido a alguns problemas, mudamos o local do show do DCE-UFG para a ZIGGY BOX. Assim sendo, não haverá venda antecipada de ingressos; as entradas serão vendidas NA HORA, apenas na hora, sob o alto custo de 10 mangos (sabemos que é muito, mas é a única forma de repormos o prejuízo. Não visamos lucrar, a idéia é repor parte do que foi gasto, visto que boa parte da bilheteria é destinada ào aluguel da boate). Sem mais delongas, vamos ao que interessa:
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BANDANOS (SP)
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Heróis do Crossover nacional, os maníacos do Bandanos chegam com o recém lançamento do primeiro debut além de duas demos e um split com o Destruction's End na bagagem. Sonoridade balanceando Thrash Metal e Hard Core na medida e o vocal puxado do Accüsed resumem bem qual é a dos caras. Sem dúvidas, a maior revelação do crossover nacional nos últimos tempos! O pit vai pegar fogo!
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MP3 e Contatos: www.myspace.com/bandanos
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M.A.C.E. (SP)
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Banda relativamente nova e que já mostra certo destaque na ascendente cena Crossover nacional, a M.A.C.E. traz na formação integrantes das bandas Discarga, Live By The Fist e Good Intentions, só nego responsa! O som mostra maravilhosa agressividade típica de bandas como Municipal Waste e Cryptic Slaughter, o que, enfim, são ótimas referências! Crossover Is Back, porra!
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MP3 e Contatos: www.myspace.com/macecrossover
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VIOLATOR (DF)
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A ala do colete e tenisão branco não poderia estar mais bem representada! Os "violeiros" bangers de Brasília já rodaram o país na extensa Moshin' With Violence Tour em 2005, e voltam a Goiânia pela primeira vez após o lançamento do maravilhoso debut Chemical Assault, lançado em Novembro do ano passado e com a primeira prensagem já esgotada! O som resgata a peãozice do Nuclear Assault das antigas, o sorriso no rosto do Tankard e Anthrax, e tudo o que de mais Old School existir na praia thrasher por aí. Primeiro show por aqui com o Cambito Pernas Tortas na outra guitarra. Stage Dive Maniacs, é agora!
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MP3 e Contatos: www.myspace.com/viothrash
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WC MASCULINO (GO)
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Hard Core calcado no Crossover e Grind, canções curtinhas e a promessa de fazer a garotada dançar coladinha, esse é o propósito. O que se vê é uma mistureba oscilando entre tudo o que esteja entre o Sore Throat e o DRI, é mais ou menos por aí. Diversão garantida pro pit, se preparem!
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MP3 e Contatos: www.myspace.com/wcmasculino
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HC 137 (GO)
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A comando dos anciões Aurélio e Luciano (sim, juntos já somam um século de vida!), a velha guarda do Hard Core goiano mostra as caras com dois "novatos" e com uma nova roupagem no som, agora a pegada inclui palhetada e pedal duplo, muito diferente do que era há algumas décadas atrás nos antológicos "Nas Coxas" e "Made In Go". É esperar pra ver o que vem por aí.
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MP3 e Contatos: www.myspace.com/hc137
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BESTIAL HORROR (ANPS)
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Thrash Metal carroceiro de alguns dos bicho mais gente boa de Anápolis City: eis a Bestial Horror, com o seu thrash metal old school singular e explosivo, letras em português ( uma ótima qualidade por sinal! ), sempre sob o comando do insano vocalista Dead! São os responsáveis por abrir as portas do inferno.
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Fudeu! Esse é o serviço, caceta!!
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Thrash Core Fast 02
Data: 16/06
Local: ZIGGY BOX
Horário: Á Partir Das 18:00
Shows Com As Bandas:
- BANDANOS (SP)
- M.A.C.E. (SP)
- VIOLATOR (DF)
- WC MASCULINO (GO)
- HC-137 (GO)
- BESTIAL HORROR (ANPS)
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Rapaziada feia que é rejeitada pela família, nerds fedidos e velhos que não tem amigos porque só se preocupam em estudar, mas que não descartam a insanidade de suas vidas medíocres, punx, bangers, thrashers ou simplesmente rockeiros afins: COMPAREÇAM!
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Chamem seus amigos e levem uns trocados a mais para comprar discos, camisetas e dar um apoio às bandas que vêm de longe!
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É isso aí, juntar tribos e gerações diferentes. Quer coisa mais rock que isso? hahahahahahaha
Vou para ver os meus contemporâneos "idosos" do HC 137 e a meninada gentefina do Wc Masculino.
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
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sexta-feira, 1 de junho de 2007

"Music for Anthropomorphics" by Mechanics - by Inimigo do rei


Sábado de manhã. Faz um frio insano do lado de fora da janela, daqui de dentro faz frio também, ainda assim eu me sento no chão. O Mechanic me diz que quer que eu sofra, vou tentar satisfazê-lo. Eu me sento no chão. Frio. Chão frio.
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Melhor aproveitar e cortar minhas unhas, as dos dedões do pé. Muitos dias usando coturno, minhas unhas estão sujas. Pretas. Preciso cortar.
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Coloco o Cd “Music for anthropomorfics” pra rodar. O Cd do Mechanics pra rodar. O livro na mão e o Cd rodando. A vizinha de baixo bate no meu chão, reclama do peso talvez. Bom. Ela que sempre ouve suas músicas gospel na hora do meu cochilo do almoço, agora quer sossego. Vaca. Não abaixo o som. Vaca.
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Tesoura, lixa, lascas de unhas pretas no chão.
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Márcio Jr. sempre com seu discurso de coisas interligadas, de ir além do simples e do aqui, de juntar peças e cacos desconexos. Márcio Jr. e seus discursos.
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A música alimenta Zimbres, que alimenta as letras, que realimentam Zimbres, que alimenta o Cd, que gera o livro, que produz arte.
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Em tempos de inFernet e downloads desconexos (ontem baixei três Cd´s diferentes, não consegui ouvir na ordem até agora. Talvez nunca ouça.), em tempos de falta de encartes e letras, em tempos de capas sem-graça por seu tamanho reduzido, o Cd dos Mechanics é diferente.
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Já tinha ouvido. Ouvi para me preparar para o Bananada, mas nada havia me preparado para isso. Estou sentado no chão frio cortando as unhas dos pés com a vizinha batendo uma vassoura no meu reto pelo chão que também é teto.
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Peso.
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Conceito. Segundo Rodolfo, tudo é o conceito. Sem o conceito não temos nada.
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E uma guerra é declarada.
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Atenção no visor!!! Atenção no visor!!! Atenção no visor!!! Atenção no visor!!! Atenção no visor!!! A segunda música começou. Atenção no visor!!! A segunda música está tocando! Atenção no visor!!! A segunda música...
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Ela passa disfarçadamente, exige atenção. Ele disse que queria meu sofrimento. Eu continuo. A vaca do 12º andar parece que desistiu. Quero que morra!
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As músicas vão se sucedendo e eu me lembro dos tempos que procurava trilhas sonoras para minhas peças teatrais. “...Anthropomorphics” é teatral. É ópera moderna com vozes sussurradas no meu ouvido. Sussurros que metem medo. Voz do diabo, voz do mal, voz nefasta, voz que falta sangue. O desgraçado não sangra.
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Minhas unhas estão no chão. O chão tá frio.
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Eu vi todo o show do Bananada, eu não estava bêbado, agora eu entendo, era parte da maldição, era parte da feitiçaria dos quatro mecânicos. Eu estava em transe e alfas ondas flutuavam. Eu entendi. Só eu entendi! Ninguém mais entendeu! Posso quebrar o disco, posso nunca mais ouvir. Eu entendi e vi como devia ver. Eram fragmentos de discursos e estéticas, misturados num caldeirão étnico de laurentinos e flashes de luzes estrobo. Tudo encaixado e encaixotado. Não explique mais. Não explique mais. Até isso faz sentido agora. Preserve o segredo. Não explique. Alguns vão entender. Eu fui o maldito que expliquei o segredo do fim do corredor. Só ele vai entender.
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Zimbres tem um traço sujo, difícil, incompreensível no início. Mas como numa arte em 3D, subitamente o desenho se abre e faz conexão, estou dentro de SF e entendo tudo melhor agora. Diálogos surgem, a citação zoófila faz sentido agora. Me lembro do show do Bananada, eu estava bêbado, eu estava com sono, eu estava vendo em flashes, eu estava sentado no chão. Eu estou sentado no chão. Katu e Túlio nas guitarras e solos, como o que eu me sento, não como o que eu me sento, porque são incandescentes. Vem do inferno.
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Zoofilia inédita. Não come. Chupa. Nunca tinha visto. Inédita. Chupa.
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Jaime e Lt. John operam baterias anti-aéreas com precisão e brutalidade. Mais uma voz metálica entra nos meus ouvidos, já não sei se vem do telefone ou das caixas de som. Estou completamente desnorteado, uma rainha foi morta e eu não lamento por isso. Eu quero que a vizinha morra. Minhas unhas pretas no chão. Cheiro de unha do pé cortada.
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As histórias se entrelaçam e criam um mundo à parte com cidades que voam e pessoas manipuladas, eu já vi isso? Eu vivo isso? Malditos Mechanics, criam um mundo insano e ele faz sentido. Como faz sentido. Vizinha vaca. Vaca maldita. Romance com uma vaca? Romance que chupa. Mundo insano fazendo sentido, isso é inédito. Chupa.
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Há quanto tempo não me sento para ouvir um Cd por inteiro? Esse faz sentido por inteiro, como a febre que começa com acordes zeppelinianos, meio Kashmir, meio muito peso. Ele precisa ser apreciado por inteiro. NÃO BAIXE! NÃO BAIXE!! NÃO BAIXE!! Esse desgraçado precisa ser apreciado por inteiro. Tem que ser comido com casca e semente. Não baixe, imbecil! Eu não vou explicar.
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É capa ou é encarte, eu nunca tinha percebido. Não é o pôster do disco branco, é um pôster... meudeusdocéu é um pôster!!! Novamente faz sentido, mas um pedaço se conclui. Mais sentido no mundo insano. Mundo mecânico.
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O desgraçado conseguiu. Seu discurso filhadaputa de artes coligadas, de ir além do discurso, de interagir com outros universos estéticos, étnicos e éticos, e o filhadaputa conseguiu. “Music for anthropomorphics” é inclassificável e faz sentido. Filhadaputamente com sentido. Como classificar? Me faltam rótulos. Olho pras lascas de unha no chão e elas parecem não ser pretas mais. Parecem ter algo verde por baixo. Pela janela o céu amarelo e minhas unhas sujas de lama verde. Serei eu o réptil esquisito? Eu estou sofrendo. Ele conseguiu.
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Precisamos ficar bêbados juntos. Precisamos discutir muitos. Seu maldito demônio criativo. Precisamos nos embriagar. O desafio está feito. Você Sp Eu Sf e algum líquido que embriague. Não existiremos sem o conceito. E o horror será semeado.
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Não há braços.
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Eduardo Mesquita, O Réptil do rei.
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