terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Orkut, um funil estraño.





Por duas semanas fiquei sem computador na minha casa, isso porque consegui destruir outro HD, o quinto da minha carreira de usuário descuidado e inábil. E durante esse tempo fiquei acessando a inFernet apenas no trabalho, o que implica uma série de limitações, tanto técnicas, quanto de tempo e de escolha. As técnicas talvez não tenham me afetado tanto, pois como gestor de Rh eu tenho acesso ilimitado à web no trabalho, inclusive sendo o responsável por avaliar e liberar sites para os outros profissionais da empresa pelo país todo. Mas é estranho você ficar olhando alguns tipos de sites no trabalho, simplesmente não pega nada bem e também quem tem tempo para ficar navegando na web com tanta coisa para fazer, com tanto problema pra resolver, com tanto incêndio pra apagar? Impossível, certo? Certo

.
E por essas opções e limitações eu fiquei esse tempo todo sem acessar o orkut, consequentemente fiquei sem saber de nada que acontecia no rock independente da cidade. Sim, é isso mesmo, porque ninguém divulga nada a não ser no orkut, aparentemente. Fiquei impressionado.

.
Num primeiro momento eu achei que a cidade estava quieta e deserta, porque não ficava sabendo de show nenhum, nem de evento nenhum, nem lançamento de nada. Imaginei que todos tivessem saído antecipadamente para o carnaval (uma semana antes do dito cujo) e resolveram fugir por lá mesmo, ou foram abduzidos por alienígenas em alguma cachoeira da chapada. Mas depois comecei a achar o silêncio meio estranho, talvez exagerado demais. Sabe quando os mais velhos diziam “moleque quando está quieto demais, pode ir ver o desastre que está aprontando”? Foi minha sensação. Pensei comigo mesmo “esses moleques estão aprontando alguma em silêncio, e eu achando que tudo está tranqüilo!”.
.

Um dia fui até uma lan house e acessei o orkut. Horror! O mundo não havia parado, a cidade ainda existia, os eventos ainda aconteciam e muita coisa estava sendo feita pelos moleques do rock independente no silêncio do meu HD destruído.
.

Refiz o computador de casa e fui fazer uma pesquisa no tal orkut. Muito já se disse das fogueiras de vaidades do orkut, do tanto que serve apenas para alimentar discórdia e problemas, dos fakes malditos que inventam histórias e destroem carreiras e um monte de depoimentos bombásticos sobre os malefícios do orkut. Relevem-se os exageros, claro que o orkut é uma ferramenta e como qualquer ferramenta pode ser bem ou mal empregada. Eu mesmo me valho do orkut para divulgar meus textos, novidades do blog ou da Dyna e novos programas do Loaded, e me são muito úteis algumas discussões, porque com elas aprendo coisas novas e até questiono meus argumentos e minhas certezas. Ainda assim também sabemos de criminosos se valendo de informações retiradas do orkut para atingir novas vítimas, e o tanto de fotos íntimas que expõem a privacidade de quem deveria ser mais cuidadoso.
.

Ou seja, bons e maus argumentos sempre existirão. Mas existe um problema grande na cena rock independente de Goiânia, quando falamos em orkut: ninguém divulga nada fora daquelas páginas azuis. Ninguém!
.

Em Cuiabá temos os sites do Hell City (http://www.hellcity.blogger.com.br/) e do Espaço das Tribus (http://www.espacodastribus.com/), por exemplo, que alimentam a turba enfurecida da cidade quente com novidades e avisos, mas em Goiânia depois do sepultamento do CyberGoiás ninguém surgiu para ocupar o espaço de central de informações fidedignas. E que triste fim teve o Cyber, porque um site quando perde a credibilidade morre lentamente, agonizando em informes que não são lidos e em comentários pejorativos pela cidade. Enfim...
.

Alguns podem dizer que estou novamente sendo alarmista ou coisa parecida, já que temos o blog do Hígor (http://goianiarocknews.blogspot.com/) ou mesmo o meu blog, ou ainda o bacanudo site da Mitocôndria (http://www.e-mitocondria.com.br/) e o novíssimo site da Fósforo Records (http://www.fosfororecords.com/). Sim, pode parecer alarme e desespero, mas experimentem ficar sem orkut por alguns dias e vão perceber que estão completamente desatualizados do que ocorre na cidade.

.
E isso falando da comunidade GoiâniaRockCity que se ocupa principalmente de discussões bobocas e conflitos de ego, mas que ainda assim se tornou a principal agenda da cena rock, mesmo sem se valer do espaço de agenda do orkut.
.

Fico pensando porque os produtores não desenvolvem seus mailings para informar mais gente de forma direta, ou ainda porque não criam uma assessoria de imprensa como a Fósforo criou (com a Aline, que me chamou de "bocó" lá no Grito. Bocó! Quem chama alguém de bocó?), ou como o Cubo tem em Cuiabá? Todos ganham com um pouco de trabalho de base, com informação disseminada, com a notícia correndo pela web de forma livre.
.

Eu mesmo, muitas vezes para divulgar alguma agenda aqui no blog ou no Loaded ou na Dyna, preciso ficar coletando em mil e oitocentos lugares diferentes as diferentes datas e eventos da cidade. Não quero me arvorar ao papel de centralizador da informação, até porque acho que se torna muito melhor se existirem várias fontes de informação distintas, o que eu busco aqui é só uma provocação ou reflexão sobre o tanto que estamos ficando dependentes e exclusivistas com esse tal orkut.
.

Lugar de corajosos, rebeldes de ecrã, ideólogos de revoluções virtuais, o orkut se tornou o centro nervoso de um sistema de informações disléxico e desorganizado, num momento em que a informação é a principal moeda do mercado e todo mundo busca saber o que acontece. Difícil entender esse afunilamento. Preguiça talvez, mas a preguiça maior é minha em ter que ficar fuçando posts que sequer tem o detalhe “EVENTO” em seu título para facilitar a busca. Sim, porque mesmo colocando os eventos em posts nas comunidades, esses posts vão caindo na tabela pela falta de consulta (os títulos são preciosos de pouco informativos) e só se descobre o tal evento com sorte ou bandeirantismo.
.

Assim os eventos continuaram sendo freqüentados apenas pelas bandas, suas pessoas amadas e amigos próximos, que são convidados no telefone ou durante o intervalo entre uma aula e outra. Outros como eu e muitos mais, que não possuem o contato particular com muita gente, estamos disputando na sorte a possibilidade de ficar sabendo de um evento ou não.
.

Perdi um Xaparock dia desses justamente por não estar acessando orkut. Um evento com bom rock e cerveja grátis, e eu não fico sabendo. É justo isso? Cerveja grátis!!!
.

Ou os organizadores de eventos se prestam a realizar suas divulgações de forma mais abrangente ou teremos eventos cada vez mais seletos e elitistas, mesmo com suas posturas underground. Essa é uma iniciativa simples, prática e de resultados, ao final estamos todos querendo ver melhorias nos eventos rock independente, mais público, bandas se divertindo mais e tudo aquilo que sempre buscamos. Sem divulgação, não vira!
.

.
Há braços!
.
.
Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com
.

.

.
Mas para mostrar que não tenho birra ou ressentimento com o Orkut (lembrem-se, ele é só uma ferramenta!), eis alguns endereços que indico dentro da rede azul de relacionamento:

http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=8911216695239716812 – perfil do Inimigo do rei, se alguém tiver interesse em virar meu “miguxu”. hahahahahahahaha
.

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=61338 – comunidade Goiânia Rock City, mais de 7000 inscritos e muita conversa jogada fora.
.

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=25371268 – Grito Rock Goiânia, onde os organizadores do evento juntaram a tribo.
.

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=7416077 – Circuito Fora do Eixo, onde os lokis guerrilheiros estão.
.

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=15238528 – Decibélica, novidades e sorteios da revista mais classuda do rock independente atual.
.

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=6516285 - Loaded, a comunidade do programa virtual mais podreira existente.
.

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=23328427 – Reator, a comunidade do programa de rádio virtual mais abrangente que eu já vi. Duas horas!!! Pira!??


E já fica aqui o convite para os organizadores de eventos e produtores, se quiserem podem contar com esse tímido espaço bloguístico, pois terei o maior prazer em divulgar os eventos. Mandem informações que serão todas mui tranquilamente repassadas aos que aqui buscam novidades. Enviem para eduardoinimigo@gmail.com e tenham confiança de que o espaço é nosso.

.

Há braços! (agora é pra valer)

O grito ecoa...

O texto publicado aqui no blog "Isso não é normal" foi publicado essa semana no Jornal Opção, daqui de Goiânia. Quem quiser conferir a versão digital, visite o

.
Que seja ouvido!
.
Há braços!
.
.
Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
.

Não é piada.

Retirado do blog do Josias - http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

domingo, 25 de fevereiro de 2007

O rock Goiano fazendo barulho.



Esse domingo já começou com muita coisa impressa sobre rock na terra pequizeira, e isso é muito bom. Dando uma olhada rápida pelas páginas impressas de nuestra territa, pude perceber que o rock deixou de ser um bicho ameaçador, e se apresenta para os "normóticos" de plantão com caras mais palatáveis; a saber: organizado, empreendedor, sério e merecedor de honras e loas. Isso é algo novo e notável.

.

Em "O Popular", que é o periódico de maior circulação da região, temos a notícia de que o Deputado Luís César Bueno criou o DIA ESTADUAL DO ROCK, a ser comemorado no dia 04 de outubro, no fim das festividades da Semana Estadual da Juventude. O governador sancionou o projeto e vetou apenas os gastos públicos na festa. Ou seja, o rock já merece uma data comemorativa, mas ainda não merece gastar o dinheiro "da viúva". Enfim, temos bons produtores, não precisamos tanto assim do auxílio governamental. Ao fim, é mais um dia para fazer barulho em GoiâniaTown, e antes que surjam as Cassandras argumentando que o preclaro político só quer pegar onda com o rock da cidade, eu já grito que melhor ser visto que ignorado. Mesmo com os interesses espúrios que podem acompanhar essa iniciativa, se tivermos organização e nos movermos com a velocidade necessária, podemos reverter isso a nosso favor. Claro que muitos preferirão manter-se puros e íntegros ao invés de se misturar com a patuléia ética do estado, mas isso é outra briga.

.

O "Diário da Manhã", que é o segundo maior jornal da região traz uma nota falando da participação goiana na Feira Música-Brasil, em Recife. Com uma foto generosa mostrando uma prosa entre Fabrício "Monstro" Nobre e Gilberto "Hacker" Gil, a nota apresenta a visita do ministro ao stand da Abrafin (Associação Brasileira dos Festivais Independentes), que é presidida pelo gorditcho Nobre, momento em que ele conheceu mais sobre a entidade e ainda levou o Cd "Goiânia Rock City" de presente para conhecer 20 bandas pequizeiras que participam da coletânea. O ministro ainda prometeu maior apoio à movimentação Rock Independente no país. Quem viver verá!

.

E fechando o pote das incursões rockeiras na mass midia, temos uma reportagem, ainda no Diário da Manhã falando de programas independentes feitos por profissionais e estudantes da área de comunicação, e a foto que abre a matéria é do frito-loki-gente boníssima-barba de bode Pedro Fernandes, que também ilustra esse post com sua cara benfazeja. Cabe comentar que a barbicha do Pedro "Reator" está muito maior do que essa registrada na foto acima. A reportagem fala de inúmeros programas que vêm sendo feitos de forma empreendedora e independente por um monte de malucos, e cita o "REATOR", programa do Pedro, como um exemplo de criatividade e trabalho bem feito.

.

O REATOR existe desde novembro do ano passado, e é apresentado de segunda a sexta feira às 15:20 e às 21:10, através do site www.dm.com.br. Se fôssemos usar um slogan batidaço, poderíamos dizer que "Pedro é gente que faz!". hahahahahahaha

Vale a dica, o programa é muito bom, o maluco do Pedro tem terabytes de músicas mandadas por gente do país inteiro e faz um trabalho cuidadoso de audição e seleção do que tocar. Além disso está sempre presente nos shows fazendo cobertura e se preparando para virar blogueiro também. Quem quiser mandar material para o cara, envie para pedrofernandesgo@gmail.com com release e aguarde contato.

.

Domingo com cara de rock goiano, legal!!

.

Há braços!

.

.

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

eduardoinimigo@gmail.com

.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

E o carnaval aconteceu...

E o carnaval aconteceu...
.
Ainda não formei opinião se o carnaval nos serve de escapismo físico ou se realmente não damos a mínima pra nada e o carnaval é somente o sintoma disso. O mais recente. Outros existem aos montes, BBB´s, novelas, futilidades aos montes que nos são servidas em doses generosas.
.
Fiquei sem escrever aqui no blog um tempo, porque não consigo escrever sobre nada mais que a violência, João Hélio e coisas afins a esse tema. Acompanhei algumas discussões orkutianas, alguns comentários aqui no blog, muitas conversas ao vivo e à cores com amigos e conhecidos, e realmente ainda não consegui superar o tema. Não que esteja chocado ou aterrorizado ou qualquer outro estado emocional exagerado como esse, mas é que não consigo pensar em nada mais que valha a pena ser escrito aqui que não seja meu estupor com a vida que vivemos.
.
O Pão comentou um dos textos abaixo dizendo-o superficial. Não me incomodei nem achei ruim primeiro porque respeito muito a opinião do Pão, que é um dos guris que conheço que pensam de forma crítica, mas principalmente não me incomodei porque não tive a pretensão de ser profundo. Nunca consegui ser profundo em nada, não iria conseguir agora, movido pela emoção como estava.
.
Superficial como um pires, mas sincero, isso me resguardo. Fiquei preocupado de parecer que eu também estava aproveitando a celeuma, o tema quente para aparecer ou simplesmente cativar meus minutos de destaque, coisas que realmente não aconteceram. Não sou nenhum Datena que urra nos monitores pedindo closes e reclamando providências, enquanto seus patrocinadores vinculam comerciais engraçadinhos e ele mesmo – gordo e bem penteado – apresenta produtos em seu programa. Entre cada “Isso é um absurdo” sempre pode-se encaixar um “em 12 vezes sem entrada”, como sempre vemos cotidanamente. Não estou vendendo nada, não ganho nada com isso, só grito o que sinto e penso, superficial, tolo ou não. É meu.
.
E o blog é realmente a máxima experiência democrática – ou anarquista, como queiram – porque nenhum dos viventes que vêm por aqui tem a obrigação contratual de visitar esse endereço. Visitam por querer, e continuam aqui lendo as letras por também quererem, então os meus poucos minutos de sofrimento pela comparação com Datenas da vida logo soçobrou sossegadamente. Não quero aparecer. Não vendo nada. Só falo.
.
Muito vem sendo dito sobre maioridade penal e coisas assim, mas acredito eu que nesse momento já ficou claro até para o maior dos bestuntos que a questão principal não é diminuir a idade para prisões e condenações, mas fazer com que as prisões e condenações sejam cumpridas de forma correta, justa e conforme foi prescrito em julgamentos e pareceres legais. Como visto num post aqui abaixo os criminosos que chacinaram João Hélio poderiam estar fora de circulação, ao menos um deles, poderia estar cumprindo sua pena recluso e separado dos presos-do-lado-de-cá. Mas estava solto, livre, muito mais que todos nós, que vivemos presos em nossa vida civil, entre muros elevadíssimos, entre cercas elétricas, vidros blindados com insulfilme nos carros, evitando passar em caixas 24 horas depois que escurece, procurando bares com estacionamentos próprios, e seguindo uma infinidade de rotinas absurdas para nos proteger. Nós, que estamos livres, que não descumprimos nenhuma lei, ou que ao menos nunca fomos condenados, estamos tão ou mais presos que os encarcerados.
.
Nem o telefone nos permite conforto, porque esse também já é uma ferramenta do crime organizado (muito mais organizado que a lei, dirão muitos), que nos liga dando detalhes de nossas vidas ou ameaçando gente que não está ao nosso lado. Reféns. Viramos reféns. E a tudo isso aceitamos com esquizóide normalidade. E vamos ao carnaval, pois nossa fantasia de um mundo alegre precisa desses espasmos de prazer, intervalados que são pelas tragédias e notícias escabrosas.
.
E em meio a tudo isso vemos pessoas falando em “ressocialização dos criminosos”, reclamando que os presídios não servem para ressocializar os criminosos. Fico pensando, alguém se preocupou em perguntar aos encarcerados se eles querem se ressocializar? Alguém perguntou a um traficante se ele deseja se integrar à sociedade de consumo, ser um digno trabalhador sem escolaridade ganhando R$ 350,00 ao mês? Alguém realmente acredita – suprema inocência – que um sujeito que ganha milhares de reais por semana, vive como um nababo em sua comunidade aterrorizada, vai querer ser um trabalhador de carteira assinada? Se alguém acredita nisso, pordeusdocéu, tentem me convencer, porque me tornei um cético total nesse item.
.
Sim, existem criminosos que merecem uma segunda chance. Existem criminosos de ocasião, gente que falhou e se entregou a uma oportunidade que parecia boa, mesmo sabendo do erro do ato e das conseqüências do mesmo. Existem ainda criminosos de necessidade, gente que não viu outra escolha que não roubar para alimentar a si ou aos seus. A todos esses eu acredito que a reclusão, a condenação é pena suficiente para ressocializar (esse verbo é tão estranho que o word não o reconhece) e para permitir que voltem ao convívio da comunidade sabendo o preço de seus atos.
.
Mas existem os que não tem possibilidade de volta a nada de civilizado, tornaram-se bestas-feras, criaturas sem limites, nem ouso chama-los animais pois animais não merecem essa comparação. Não me digam que um Marcola, Fernandinho Beira Mar e gente como eles tem alguma possibilidade de voltar a ser um “cidadão de bem” (defina isso como quiser). Não me diga que um sujeito desses tem interesse em deixar o poder, a glória, a grana, o sexo, a droga, tudo que vem junto com sua posição de capo criminoso. Para gente assim a prisão não é para ressocialização, mas para punição. É castigo, punição, para separar “eles” de “nós”, para tirar de circulação e quanto mais tempo melhor. Não vão mudar, não querem mudar, não ligam para mudança, querem apenas seguir sua trilha já escolhida e que lhes dá a satisfação desejada.
.
Não sou advogado, entendo pouco de leis, mas tenho a firme convicção de que em casos como os citados a prisão não deveria ter forma nenhuma de “aproveitamento de tempo”, mas somente tempo ocioso, segregado, isolado, proscrito e nesses casos alguns até poderiam questionar sua atitude, outros enlouqueceriam, mas nenhum deles estaria aqui fora ameaçando aqueles que amo.
.
Espero que ninguém pense que concordo ou defendo a pena de morte, não é esse o caso. Tirar a vida de alguém é medida de brutalidade, independente de quem o comete e de como é cometido, se na correria de um assalto ou na assepsia de uma cela de execução. Matar nunca é a solução.
.
Alguém disse certa vez que a sociedade só deveria ter o direito de matar um criminoso se não tivesse nenhuma responsabilidade na gênese e criação desse mesmo criminoso. Concordo, mas não totalmente. Eu procuro fazer o que me dizem ser certo, eu procuro ser correto, procuro seguir princípios éticos, procuro até ser educado em questões comezinhas do dia-a-dia como cumprimentar as pessoas ou ceder a vez na fila para grávidas ou idosos. Não quero aceitar calado a culpa de criar monstros. Goya pintou o quadro que ilustra esse post, que se chama “O sono da razão produz monstros”. Claríssimo. Quando a razão falha, monstros surgem se aproveitando das brechas, das fendas, dos cantos com sombras, e isso vem faltando em nossa vida diária, razão e cuidado. Por isso acho que executar aqueles que saíram do caminho escolhido pela maioria não seria a solução, mas não me oponho à prisão perpétua.
.
Que se prendam para sempre os monstros. Sei que esbarramos em situações como um sistema jurídico cheio de oportunidades cínicas, pessoas que deveriam ser éticos e corretos mas que se aproveitam de sua posição para ganhos pessoais e todas essas situações que deixam mais problemas no caminho de todas as soluções propostas.
.
Pelo menos se conseguíssemos ver indignação, ver gente se movendo em busca de resposta, gente que não aceita calado o que vêm acontecendo todos os dias nas nossas portas, nos nossos olhos, teríamos algum vislumbre de mudança. Mas o que vemos são alegorias e mestre-salas, baterias e porta-bandeiras.
.
Nosso carnaval continua.
.
Até quando?
.
.
.

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
.
.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Jornais pelo mundo comentam João e carnaval



Jornais pelo mundo comentam sobre o reflexo da morte de João Hélio para o carnaval. Muito natural. O carnaval é um evento mundialmente reconhecido, que atrai turistas de todo o planeta e o brutal assassinato de João Hélio também foi notícia no mundo inteiro.

.

E é curioso perceber como as visões de dois jornais europeus são distintas sobre como essa morte vai refletir nos festejos carnavalescos. Só confirma uma idéia que discutimos na rede Inimiga dias atrás: a inexistência da imparcialidade jornalística nos dias de hoje. Isso acabou e quem busca informações puras, sem opiniões expressas nem algum viés de ideologia precisa se basear em agências de notícias. E olhe lá...

.

Enfim, eis um trecho da matéria. No final o link para a matéria inteira, no site da BBC.

.

A morte do menino João Hélio, de 6 anos, num assalto no Rio de Janeiro na semana passada, chocou os brasileiros e provocou uma onda de solidariedade e protestos na cidade, mas será logo deixada de lado diante da alegria do Carnaval, segundo afirma reportagem publicada nesta sexta-feira pelo diário alemão Stuttgarter Zeitung.

.

Já o jornal inglês The Daily Telegraph tem uma visão difrente sobre a questão: “O Brasil deveria estar se preparando para mostrar seu lado alegre e bronzeado para o mundo neste fim de semana, quando começam os desfiles que caracterizam o Carnaval do Rio”, diz o jornal. “Mas, neste ano, a carnificina provocada pela crescente criminalidade da cidade é tão chocante que grande parte da população não está em clima de festa.”

.

A matéria inteira você encontra no site da BBC, nesse link: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/02/070216_pressreview.shtml

.

Há braços!

.

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

eduardoinimigo@gmail.com

.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Saudade não tem idade...

Muito já foi feito no rock nesse país, e para manter viva essa lembrança, para atiçar a curiosidade, para tudo isso existe a coluna do Ayrton Mugnaini Jr. na Dynamite On Line. Essa filipeta - é, isso que hoje chamam "flyer" já foi chamado de filipeta - é de 1982, ano em que eu passei férias em Brasília, um garoto de 12 anos de idade, sem sequer imaginar as aventuras que ainda viveria. Pois na coluna do Ayrton, muita saudade, muita lembrança, muita informação. Essa coluna dessa semana é esse link aqui ó: http://www.dynamite.com.br/portal/view_coluna_antiga.cfm?materia=1108
Visita lá e colabora com o trabalho do sujeito. Trabalho sério, ralado e suado, de capturar o passado do rock brazuca.
.
Há braços!
.
.
Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Eis nossa justiça...


Talita Figueiredo, jornalista da Folha escreveu algo nesta quarta-feira que me impressionou. Vejam vocês:


Um mês e meio depois de obter direito ao regime aberto - pelo qual só tem de dormir na prisão-, Carlos Eduardo Toledo Lima tornou-se um fugitivo. Ele é apontado pela polícia como líder do grupo responsável pela morte de João Hélio Fernandes Vieites, 6, arrastado preso a um cinto de segurança quando o carro de sua mãe foi roubado. Sofreu duas condenações na Justiça do Rio. Em novembro, Carlos Eduardo obteve regime aberto. Apenas 45 dias depois, parou de voltar ao abrigo. Na primeira vez em que respondeu a um processo judicial, foi condenado, em março de 2004, a pena de 6 dias/multa pelo furto de um celular. Pagou o equivalente, hoje, a R$ 76. Dois meses depois, novo processo, pelo roubo de R$ 20. Foi condenado em agosto do mesmo ano a 4 anos e seis meses de prisão e pagamento de multa. Assistido por defensores públicos, apelou da sentença e, em 13 de setembro de 2005, obteve o direito ao regime semi-aberto -pode circular dentro do presídio e sair com autorização. Em 10 de novembro de 2006, ele foi para o regime aberto. A partir de 28 de dezembro do mesmo ano, não voltou ao albergue. Deveria ser considerado foragido, mas o juiz da VEP (Vara de Execuções Penais) do TJ disse que não recebeu documento da Secretaria de Administração Penitenciária informando que ele não voltou mais. A assessoria de imprensa da secretaria disse que enviou o documento. Até a conclusão desta edição, a secretaria não havia encaminhado cópia do documento à Folha.
.
Eis nossa justiça... lenta, burocrática, buRRocrática e ineficiente. Alguns poderão reclamar, que estou generalizando e colocando toda a justiça brasileira no mesmo patamar de burrice e incompetência, e eu reconheço que estou realmente. Difícil não fazer isso agora.
.
Nesse ponto me pergunto porque insistem tanto na diminuição da maioridade penal? 16 anos ou 18 anos ou idade nenhuma, nada vai funcionar enquanto o sistema judiciário e prisional não se tornarem instituições sérias e eficazes. De que adianta colocar um menor de 18 anos em uma cadeia, se não serve para punir, se não serve para reeducar, só serve para piorar seu comportamento e aumentar seu nível de brutalidade e bestialidade.
.
E ainda vemos o presidente Lula Mollusco, o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o presidente da câmara Arlindo Canalh... oops, Chinaglia, todos pedindo "moderação". Todos dizendo que em tempos de emoções exageradas podemos errar na dose, mas quando tentaremos a dose, se nunca foi feito nada? Apenas em situações como essa surgem iniciativas e disposição suficientes para tentar alguma mudança. A "Barbie de beca" presidente do Supremo, Ellen Gracie, disse que as medidas propostas não adiantam. Então quais adiantam, senhora? Ela foi assaltada, quase sequestrada, e ainda assim acha que as mudanças propostas não são eficazes, sem tentar apresentar nada de diferente. Estamos bem representados.
.
Hoje OAB, CNBB e mais outras entidades irão se reunir para apresentar propostas. Será que dessa vez teremos propostas reais, eficazes, práticas ou novamente veremos o sexo dos anjos sendo discutido por pessoas que aparentemente se julgam imunes à essa guerra lá fora?
.
Que lugar é isso?
.
.
Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
.
.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Isso não é normal!

AS FICHAS DOS DELINQUENTES que participaram do roubo de carro, seguido do assassinato do menino João Hélio Fernandes, de 06 anos:

.
1º - DIEGO NASCIMENTO DA SILVA, 18 anos, nascido em 23/11/1988, IFP 22551369-6, morador em Madureira, RJ/RJ. Está preso e não possuía antecedentes criminais.
.

2º - EZEQUIEL TOLEDO DA SILVA, 17 anos, ("MENOR DE IDADE") nascido em 23/08/1990, IFP 22307175-4, morador em Madureira, RJ/RJ. Está preso e não possuía antecedentes criminais.
.

3º - TIAGO DE ABREU MATTOS, 19 anos, nascido em 10/03/1987, IFP 20005030-0, morador em Pilares, RJ/RJ. Está preso e não possuía antecedentes criminais.
.

4º - CARLOS ROBERTO DA SILVA, 21 anos, encontrado em Barros Filho, RJ/RJ. Está preso e não possuía antecedentes criminais.

.
OBS: 3º e 4º não participaram diretamente do roubo do carro e assassinato do menino. Usando o Vectra (táxi) do pai do 3º, foram junto com a quadrilha até Oswaldo Cruz, onde o roubo iniciou-se. Ficaram esperando no referido táxi.
.

5º - CARLOS EDUARDO TOLEDO LIMA, 23 anos, nascido em 30/06/1983, IFP 21097780-7 , morador em Madureira, RJ/RJ. Possui os seguintes antecedentes criminais: 23/09/2003 - art. 155 do CP (furto), na área da 1ª DP (Praça Mauá). 26/12/2003 - art. 155 c/c art 14 (tentativa de furto), na área da 12ª DP (Leme). 29/05/2004 - art. 157 (roubo), na área da 12ª DP (Leme).Carlos Eduardo, se entregou domingo e está sendo considerado como líder da quadrilha, é irmão do menor Ezequiel somente por parte de mãe. Pela idade (mais velho) e experiência na criminalidade, deve ter levado o irmão materno para a delinqüência.
.
.
João Hélio Fernandes. Parece nome de desembargador ou de algum grande empresário, mas infelizmente nunca poderemos saber se ele teria talentos jurídicos ou empresariais, porque foi morto. De forma mais clara, foi trucidado. De forma covarde, arrastado por um carro por muito tempo, muitas ruas, muitos bairros e sob muitos olhares. Não vou detalhar o que houve, todo mundo sabe. Acho que eu fui o último a saber, mas o Marcelo e o Guga me informaram tudo quando conversávamos no Aniversário da Hocus Pocus nesse sábado.

.
João Hélio Fernandes tinha 06 anos de idade, era criança esperta e engraçada (disseram entrevistados), muito amada (podemos supor pelas reações) e de olhos expressivos (a foto nos mostra). Nunca mais vai dizer nada engraçado, não receberá cafuné nem beijo no rosto e nunca mais vai olhar com “olhos de cachorro pidão” ou tristes.
.

João Hélio Fernandes foi martirizado. E quando digo martirizado, digo no sentido de “torturado brutalmente”, porque não creio que o garoto João Hélio tenha se tornado um mártir. Por definição, um mártir é alguém que morre por defender suas crenças e opiniões, morre por uma causa. João Hélio não morreu defendendo uma opinião nem uma causa. Ele morreu de forma estúpida e sem sentido. Ele não estava defendendo nada, pois sequer conseguiu se defender, tamanha a crueldade que foi vítima.
.

João não acreditava em nada que justificasse seu assassínio, isso é certo, mas todos que ouviram e ficaram sabendo, todos que foram atingidos pela brutalidade do ato, todos que sentiram mal ao saber da barbárie, esses acreditam. Todos esses acreditam em “justiça”, acreditam em “paz”, acreditam em “cidadania”, acreditam em “vontade política” e mais um monte de termos que somente servem para acreditar e escrever em camisetas, mas ninguém sabe como viver esses termos, como colocar em prática. E isso acontece porque ninguém realmente entende o que são essas palavras bonitas e vistosas.
.

Um comentarista da Tv nesses dias fez um paralelo precioso e preciso. Ele falava do jogo no Maracanã entre Flamengo e Botafogo, nesse fim de semana passado (11 de fevereiro). Antes do jogo as torcidas fizeram um minuto de silêncio, depois gritaram em uníssono “JUSTIÇA! JUSTIÇA!”, mas aí o jogo começou e todo mundo ficou mais preocupado com a atuação do seu zagueiro do que com a merda da justiça. Quem sabe o que é justiça? Isso foi um fato recorrente no país inteiro, por todos os cantos as pessoas se mostravam indignadas, revoltadas, enojadas, mas até o próximo intervalo comercial, quando surgiam as oportunidades do varejo ou as chamadas para as novelas televisivas. Muitos argumentam insensatos que isso é fato normal da vida, ou que muitas crianças morrem nas favelas e bairros de periferia das grandes capitais, ou ainda que morrem muitos mais nas agruras africanas ou pelas cidades do Iraque.
.

Entendo. Entendo tudo isso e aceito o pensamento covarde e pequeno de que João foi apenas mais um a morrer. Aceito porque se não aceitássemos esses fatos como cotidianos e banais poderíamos enlouquecer, ao ver tanta gente morrendo no trânsito, nos morros seja pelo vício ou pela descida das encostas, vendo tanta gente morrer em guerras calhordas ou em atos terroristas por todo o mundo. Sim, a morte é banal. Sim, a morte é parte da vida. Mas não, não acho que seja hora de me preocupar com as crianças iraquianas ou africanas ou minhas antigas vizinhas da Vila Bandeirantes ou do Morro do Macaco. Agora é hora de pensar em João Hélio. E a morte de João Hélio não foi normal.
.

A busca por uma explicação racional para essa morte é a busca pela salvação da nossa impotência, da nossa incapacidade de fazer algo que possa reverter o cenário caótico que existe ao nosso redor. Banalizamos a morte do garoto alegre por necessidade de olhar no espelho pela manhã, e como poderíamos nos olhar vendo um rosto covarde, rendido, refém e frouxo? Como poderíamos olhar para essa cara de derrota e não lembrar dos olhos expressivos do menino João? Então para isso pensamos “É normal, o Rio de Janeiro está em guerra”. Ou ainda pensamos “Pessoas muito melhores morrem todos os dias e não aparecem no Fantástico”.
.

Será que nos tornamos tão medíocres assim? De certa forma em poucos momentos começaremos a culpar as vítimas pelos crimes sofridos, tamanha a mesquinhez das nossas desculpas esfarrapadas. Começaremos a condenar o seqüestrado porque ele tinha bens, condenaremos a estuprada porque era bonita de corpo e sensual no andar, condenaremos o assassinado porque ele estava vivo, suprema arrogância dessa criatura!! É isso que nos tornamos? Covardes patéticos que tentam esquecer a miséria cotidiana que vivemos em busca de algum alento ou tranqüilidade para enfrentar o dia seguinte na roda-viva do trabalho ou dos estudos? Engolindo sangue para poder mostrar o sorriso que impressiona na entrevista, deixando nossa indignação guardada para o sábado depois do almoço, quando – se a sonolência causada pela feijoada com cerveja permitir – então tomaremos as ruas do nosso quarteirão com cartazes feitos às pressas e um ou dois gritos de ordem ridículos.
.

Leiam isso como se fosse um grito: JOÃO HÉLIO FOI ARRASTADO NO ASFALTO ATÉ SUA CABEÇA SER SEPARADA DO CORPO. Pelamordedeus o que me interessa nessa hora se existem guerras ou milícias ou atropelamentos, estamos falando de um fato que não é corriqueiro, por mais que tentemos nos enganar. Não é normal ver um carro passando com uma criança de seis anos pendurada na porta, esparramando-se em sangue e vísceras pelas ruas. ISSO NÃO É NORMAL!
.

Será que não chegou o momento de um pouco de revolta? Ou já estamos nos preparando para a próxima grande tragédia? Uma chacina espetacular, uma grande ação de grupos criminosos, algo que por alguns segundos – cada vez mais mínimos – nos mostre que a vida não é do jeito que está. Não pode ser. Ligamos a TV esperando que o leão devore o domador, nos tornando cínicos e capazes de fazer piadas sobre a desgraça, coisa que em pouco tempo – se é que já não existem – farão com João Hélio: piada. Dentro de pouco tempo, se já não acontece, teremos mensagens correndo na inFernet com fotos horripilantes de manchas de sangue ou de pedaços de massa encefálica esparramados no asfalto, e muitos não terão a decência de apagar essas mensagens sem sequer ler e reclamar a quem os enviou. Muitos vão ver essas mensagens, se detendo em detalhes escatológicos e comentando que aquilo é uma coisa horrível. Em seguida enviarão para mais outras pessoas que comentarão no horário de almoço como ficaram incomodadas de ver que faltavam os dedos no pequeno cadáver de João. Isso entre uma garfada e outra.
.

Surgirão os representantes dos direitos humanos, com suas ONG´s alimentadas por dinheiro internacional arrotando que os criminosos são vítimas de um sistema perverso e de uma situação desfavorável. Meudeus, quantos vizinhos e amigos dessas criaturas vivem as mesmas situações desfavoráveis e não se tornaram monstros? Apenas um deles tinha histórico na polícia, o que mostra que até então nenhum deles havia sido acusado de nenhum crime (e repare que isso é diferente de dizer que nunca haviam cometido crimes. Eles nunca havia sido “acusados”. Pegos). E resolvem se tornar criminosos com um espetáculo dantesco de covardia, brutalidade e sangue-frio.
.

A mãe de João Hélio tentou tirar o garoto do cinto de segurança e foi chamada repetidas vezes de “Vagabunda” pelos marginais. Vagabunda. Por tentar salvar a vida de seu filho da mão inconseqüente de um bando de marginais. Vagabunda. Muitos de nós somos esse tipo de vagabundos, que se esforçam de forma desumana, diariamente, para prover o melhor para os filhos, darem-lhes condições de vida, crescimento e desenvolvimento, darem-lhes conforto e segurança, e quando João Hélio surge na tela da Tv esses corações “vagabundos” se apertam de angústia, mas aí levantam-se para ir ao banheiro e o pensamento hipócrita de “É a vida” toma-lhes a consciência, nubla-lhes o discernimento. Fico ainda mais assustado com um pai ou uma mãe que ao ver a história de João consegue pensar que aquilo é normal. É tão difícil pensar que poderia ter sido com o próprio filho? A burrice é tão grande assim, que se julgam, então, invulneráveis aos males do mundo.

.

Políticos nos espoliam diariamente, cuidando de seus salários nababescos e suas benesses, rindo das nossas necessidades. Empresários donos de igreja roubam a população desinformada manchando o nome de todas as religiões, boas ou ruins. Cartolas do futebol arranjam resultados ridicularizando o amor e a paixão de tantos assalariados pagantes de finais de semana. Juízes distorcem o sentido da justiça e das leis, favorecendo interesses. Representantes da lei corrompem-se à luz do dia, certos da correção de seus atos. E a tudo isso permanecemos silentes.
.

“É normal, a vida é assim”. Tenho nojo de argumentos como esse. Pois para mim isso não é normal, minha covardia pode me limitar a não fazer nada além de gritar em textos pedantes, mas eu não vou achar normal. A morte é parte da vida, sim, mas a barbárie, a estupidez, isso não fazem parte da vida, essas coisas são erradas e sempre vão ser.
.

Se isso fosse normal, então João não teria morrido sozinho. Eu teria morrido junto com ele, e mais todos aqueles que sabem que isso não é normal, não faz parte da vida e não é preocupante simplesmente porque apareceu na droga do “Fantástico”.
.

Se isso fosse normal, então com João Hélio, eu e muitos outros, teria morrido também a esperança.
.

Não haveria mais nada pela frente então.
.

.

.

.
Mas eu repito, isso não é normal.
.

.

hoje não abraço ninguém.

.

.

.

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei


.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Jornal? Já está ficando fora de foco.


Agência Reuters - retirado do Ex-blog do César Maia (para assinantes)

.

"Os jornais perderam espaço como fonte de informação nas escolas americanas, junto aos professores e alunos. É o que diz uma pesquisa realizada pela Carnegie-Knight Task Force. O estudo ouviu 1,262 professores e indica que 57% deles recorrem com freqüência nas salas de aula a fontes de informação na web, sites de noticias nacionais e internacionais. 31% usam as redes de TV e 28% os jornais diários. Quando perguntados sobre o papel dos jornais como fonte de informação para os alunos, 75% dos professores colocaram os diários impressos em ultimo lugar. "Os alunos não se relacionam mais com os jornais, não mais do que se relacionariam com discos de vinil" - comparou um dos professores entrevistados.

.

Então o jeito é ler blog, e aí a responsabilidade é fazer bons blogs. Já viu como é fácil falar alguma coisa na inFernet, e logo depois isso pode virar verdade? Pois quem escreve e produz e coleta informações para disponibilizar em suas páginas precisa ter duas vezes mais atenção e cuidado atualmente.

.

Há braços!

.

.

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei


.