sábado, 30 de dezembro de 2006

Obituário de 2006



  • Rodrigo Neto - guitarrista dos Detonautas
  • James Brown - dispensa apresentações
  • Gianfrancesco Guarnieri - ator, diretor e base do teatro brasileiro
  • Braguinha - o maior compositor desse país, o homem que lançou Tom Jobim. Precisa mais? "Carinhoso" é dele.
  • Joseph Barbera - o criador de inúmeros desenhos animados da minha infância. "Hanna Barbera" era um termo íntimo meu quando criança.
  • Jece Valadão - o mais pouco-reconhecido ator nacional. Um gigante em cena, ficou marcado pelo papel de cafageste.
  • Clay Regazzoni - piloto de F1 da Ferrari, nos tempos românticos do automobilismo.
  • Robert Altman - diretor de cinema genial
  • Ferenc Puskas - liderou a seleção de futebol da Hungria. Mesmo sendo chamado de "gordinho" por muitos, foi considerado por muito tempo o melhor jogador do mundo. Vice campeão da copa de 54, um dos resultados mais surpreendentes da história do futebol. Perdeu para a Alemanha.
  • Ariclê Peres - mega atriz brasileira. Um dos sorrisos mais elegantes já vistos na nossa Tv.
  • Sivuca - mágico dos sons.
  • Palhaço Carequinha - palhaço. Ícone da tv nacional em tempos idos, referência de infância para meus antepassados.
  • Bussunda - você sabe quem.
  • Syd Barret - esse também. Pink Floyd te diz alguma coisa?
  • Steve Irwin - o caçador de crocodilos mais frito do mundo.
  • Raul Cortez - ator brasileiro, reserva de esperança aos calvos do mundo, vendo o tanto de charme e sedução que ele possuía. Um puta ator.
  • David Cunha, o Espanta - comediante cearense. Impagável, hilário e um grande sujeito para se tomar whisky.
  • Mário Cesariny - pintor e poeta surrealista português
  • Vítor Negrete - montanhista brasileiro, morreu no Everest.
  • Jack Palance - ator americano que melhor fazia cara de mau. O grande coadjuvante do cinema.

Mas em 2006 também morreram...

  • Saparmurat Niyazov - ditador maluco do Turcomenistão. Era tão doido que fez um parque de diversões temático sobre ele mesmo, deu seu nome a um tipo de melão e construiu um monumento com uma estátua sua de ouro que gira seguindo o sol. O mundo está melhor sem ele.
  • Ta Mok, homem forte do Khmer Vermelho, homem de confiança de Pol Pot. Conhecido como "O Açougueiro".
  • Stroessner - ditador paraguaio
  • Pinochet - ditador chileno
  • Saddan - ditador iraquiano

ou seja, no final a matemática ainda ficou positiva. Na minha opinião, entre perdas e ganhos, o mundo ficou melhor.


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Alguém mais que tenha morrido nesse ano que mereça comentar? Se lembra de alguém que eu esqueci? Comenta aí e acrescenta.

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Há braços!

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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

eduardoinimigo@gmail.com

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Minha mensagem de fim de ano...

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Então agora é hora, meninada. Fim de ano se aproxima e ainda existem cicatrizes do último e recente Natal. A julgar pela imagem acima, tomara que vocês tenham sido boas crianças esse ano. hehehe
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No mais, mais nada. Um puta 2007 pra todo mundo que ousou vir até aqui e participou, ajudou, deu toques, comentou, ou mesmo você que veio e foi em silêncio com uma rápida olhadinha.
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À todos que fazem a experiência de blogar alguma coisa divertida, meus sinceros votos de um próximo ano cheio de tudo que vocês quiserem. Sei lá o que cada um vai querer...
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2007 vai ser o que a gente fizer dele, então o meu vai ser muito loki!
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Há braços!
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Até o ano que vem, eu acho.
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com
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Ainda sobre o maldito pinochet (com minúsculas!)


Jesus usava maconha pra curar?


Recebi esse texto do meu precioso brother Andrei "Césio", mas nunca dei-lhe a devida atenção. Ontem me dediquei a dar uma lida e achei interessante demais. Novamente a ciência levantando hipóteses polêmicas e que podem iluminar cantos perdidos da nossa memória "enquanto" raça. Vejam isso:
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CRISTO SHAMAN: PESQUISADOR DIZ QUE JESUS USAVA MACONHA PARA CURAR
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por Duncan Campbell e Chris Bennett
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tradução e adaptação: Mahajah
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Jesus utilizava os princípios ativos da maconha com finalidades medicinais - é o que diz um estudioso Chris Bennett que vem pesquisando usos e costumes da antigüidade partindo da análise dos textos bíblicos. Bennet concluiu que Jesus e seus discípulos usaram a substância em curas ditas miraculosas na forma de um ungüento cuja fórmula continha seis libras um ingrediente chamado "kanesh-bosem" que foi identificado por respeitados etimologistas, lingüístas, antropólogos e botânicos como um extrato de cannabis.
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O "kanesh-bosem" era misturado com óleo de oliva e outras ervas aromáticas. Também o incenso queimado nas cerimônias religiosas tinha cannabis em sua composição. O professor de mitologia clássica da Boston University que há 30 anos investiga a história das substâncias psicoativas nas religiões, Carl P. Ruck, também acredita na hipótese: "Não há motivo para questionar o uso da maconha no judaísmo primitivo. Há evidências de uma longa tradição de consumo da cannabis entre os judeus primitivos e não há por que duvidar que a substância tenha sido usada também pelos cristãos na elaboração de ungüentos medicinais. O vinho consagrado dos sacerdotes era especialmente "aditivado" com ingredientes como o ópio e a mandrágora."
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continua no post abaixo...
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Continuando...


Chris Bennett sugere que os ungüentos oleosos tão citados em trechos da Bíblia possuíam altas dosagens de THC - o tetraidrocanabinol, princípio ativo da maconha. Os efeitos, hoje produzidos pela queima dos cigarros ou "baseados" ou ainda por ingestão, no passado foram obtidos pela absorção através da pele, proporcionada pelos ungüentos.
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No tempo do Cristo Jesus, doenças como epilepsia eram consideradas como "possessão demoníaca" e a cura, quando era obtida, devia-se ao uso de ervas medicinais ou era, simplesmente, vista como um milagre. Hoje, testes de laboratório mostraram que a cannabis é eficaz no tratamento de várias moléstias além da epilepsia, como doenças da pele, dos olhos e distúrbios menstruais (fluxos de sangue, como é dito na Bíblia). Os tratamentos judaicos e de outros povos antigos para estes males sempre incluíram os ungüentos ou a "sagrada unção".
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As conclusões de Bennett não são exatamente uma novidade; os textos bíblicos apenas reforçam aquilo que as descobertas arqueológicas há tempos vêm indicando: a maconha foi usada com fins medicinais em toda a área do Oriente Médio muito antes do começo da era Cristã. Além de remédio, maconha e outros alucinógenos proporcionavam os estados de consciência alterada experienciados no "batismo" dos Iniciados em Magia, não somente entre judeus, mas entre os muitos povos do norte da África e também da Ásia em nações de cultura milenar como Índia e China.
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E antes que alguém pense em heresia ou em exageros típicos de cientistas ávidos por convencerem os outros, lembrem que Freud usou cocaína no início de sua prática médica, o que na época não era nenhum problema, já que a cocaína era uma substância em pesquisa e que apresentava resultados palpáveis em certas situações terápicas. Ou ainda se lembrarmos nossos pais pulando carnaval e se entupindo de lança-perfume, com autorização legal. Até que Jânio proibisse o uso do "cheirinho da Loló", essa era uma prática normal de boas e tradicionais famílias brazucas.
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Ou seja, cada vez mais me lembra a música do Finis Africae, saudosa e finada banda brasiliense dos anos 80, que dizia em uma de suas músicas:
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"A vida apodrece
Em cada boca e em cada beijo
O que hoje me dá nojo
Ontem foi o meu desejo"
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O tempo passa e os costumes mudam, e então antes que fundamentalismos nos façam desacreditar da pesquisa, bom lembrar que é uma pesquisa, um estudo, e que se realmente JC usou maconha, isso foi num outro tempo e sob outra ótica.
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Marijuana na Magia e na Religião: o livro de Chris Bennet, co-autoria com Lynn e Judy Osburn, ainda sem tradução em português
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FONTES:
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Há braços! Césio, valeu pelo texto!!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Organização no rock independente - um exemplo? um caminho?


O Imprensa de Zine - http://www.imprensadezine.blogger.com.br/ - é um dos braços armados do Espaço Cubo e é responsável pela comunicação de forma geral e pela atuação cultural e artística em escolas, de forma específica.
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No dia 24 de dezembro foi postado no blog deles (esse endereço aí de cima, ôu!!) a Ata da 1ª reunião da Volume - Voluntários da Música, matéria feita pela Talyta Singer, menina legal da Imprensa EC (da qual me sinto honorário participante, graças ao convite feito pelo Capilé).
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Enfim, novamente os cuiabanos estão mostrando uma capacidade de organização quase militar, com metas, objetivos, planos e ações práticas, focadas e pragmáticas. Pode parecer, pelo uso do termo "militar", que vai aqui uma crítica à forma como são conduzidas as conversas em Cuiabá, mas não é isso.
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É antes a constatação de que em Cuiabá existe um trabalho sistemático, por isso o termo "militar". Sistemático, organizado, dedicado e - sempre que necessário - burocrático. Por isso a referência militar, por reconhecer que as atividades são conduzidas de forma a atingir algum lugar, de se chegar em algum ponto melhor, e podemos criticar o militarismo o quanto quisermos, mas não é possível negar a objetividade da prática. Por isso afirmo sem medo de ser mal interpretado que o Espaço Cubo é uma força tática de ocupação muito poderosa.
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Como toda força de ocupação, enfrenta resistências. Muitas são as pendengas existentes entre os diferentes players da cena cuiabana, como por exemplo entre o Espaço Cubo e o Espaço das Tribus, e todas essas litigâncias são expostas em blogs por todos os lados. Muito se diz sobre o trabalho do Cubo ser totalizante e opressivo, sobre Capilé ser - na verdade - o Cérebro, aquele ratinho branco que todo dia vai "tentar dominar o mundo", sobre os outros participantes do Cubo terem sido submetidos à lavagens cerebrais e outras sandices parecidas. Pelo que vejo daqui do lado de cá do cerrado, o Espaço Cubo incomoda muito por ser organizado e por ocupar espaços que estão em aberto, soltos, largados e passíveis de uso positivo.
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Sim, Capilé é um trator na sua forma de fazer, isso pode ser dito. É um sujeito que possui uma determinação que beira - e reforço o "beira" - o fanatismo em suas crenças, mas me digam quem não é assim quando defende um ideal de vida? E obviamente isso incomoda muita gente, em resumo todos aqueles que não compactuam da mesma visão ou que se sentem alijados do processo produtivo que o rock independente vem gerando. Mas estar dentro ou fora é uma opção.
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Enfim, pela leitura da ata mencionada lá em cima desse texto, o que podemos ver é uma nova sistematização de ordem para condução da cena rock da região, com comissões e plenárias, com responsáveis e responsabilidades, com datas e prazos, e aí surge a pergunta do título: é esse o melhor caminho?
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Em Goiânia a cena se desenvolveu sem uma força que buscasse a unidade como o Cubo faz por lá. Temos selos e produtores e bandas que cresceram e apareceram, mas que nunca buscaram realizar esse trabalho de união que vemos em Cuiabá. E por isso a minha dúvida; será que esse é o melhor caminho? De forma preguiçosa podemos responder que "o tempo vai nos dizer quem estava mais certo", mas infelizmente o tempo é um pai cruel, porque devora seus filhos, e eu não quero esperar. Não quero também discutir a cena cuiabana, porque não moro lá, não conheço as dificuldades deles à fundo, não sofro nem ganho pelo que lá acontece, e seria no mínimo leviano da minha parte ficar dando pitaco na vida dos outros. Quero discutir Goiânia.
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Será esse o caminho? A organização de uma unidade política estruturada que possa representar o meio rocker e proporcionar conquistas e visibilidade para a cena? Tenho por princípio não ser muito otimista, isso é verdade, e por isso já antecipo que muitos na cidade das mulheres bonitas não iam querer participar de nada que soasse "organizado" ou "político", por crenças pessoais que não me interessam. Outros talvez se decidissem pelo sim ou pelo não de acordo com as pessoas que encabeçassem a iniciativa, por exemplo sei de gente que nunca se aproximaria disso se eu fosse um dos responsáveis, simplesmente por me achar desprezível, reacionário, marketeiro do demônio e filhadaputa. Só por isso!
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Ainda acredito piamente que os caminhos são milhões e que são plenos de frutos para todos. O caminho underground, o mainstream, o independente, o alternativo, todos oferecem gratificação a quem acredita neles, e um necessariamente não neutraliza o outro. Mas ainda assim as reações esperadas são sempre exageradas, porque temperadas com paixão e um "quê" de adolescência.
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Fica então a pergunta aos goianos (e quem quiser palpitar, sinta-se à vontade, de qualquer lugar) sobre essa organização. Não seria isso o que falta para termos uma cena mais coesa e com resultados mais visíveis? Já antecipo também gente me empulhando perguntando "mas o que você quer dizer com resultados mais visíveis?" e respondo que os resultados vísiveis - na minha opinião - são basicamente o retorno sobre o investimento. Então quem dedicar tempo, que tenha algum retorno sobre isso, seja financeiro, seja satisfação, seja reconhecimento, enfim cada um sabe de si.
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Se ao menos uma discussão surgisse, poderia ser o começo de um caminho. Cuiabá e Goiânia possuem cenas diferentes, com especificidades e particularidades próprias, mas a iniciativa do VOLUME é uma luz muito forte para fingir não ver. Se é a saída de um túnel ou um trem na contramão, isso nossos esforços vão traduzir.
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Jack Daniel's na ROCKLIFE



"OURO LÍQUIDO COM SABOR DE ROCK'N ROLL - Sua cor dourada, intensa, é inconfundível. Seu sabor encorpado e redondo é inesquecível. E sua companhia é par perfeito para uma session de muito som rolando nas caixas."

Assim começa o belo texto do Jotta Santana na atual edição da Rocklife. Já foi uma surpresa deliciosa encontrar essa revista - que eu confesso que desconhecia - e ainda mais com uma generosa versão on line, que apresenta até mesmo os anúncios da revista!!
A sensação é de realmente estar virando as páginas da publicação, e isso é muito legal, já que em tempos de grana curta, a distribuição de uma revista é uma arte arriscada, perdida e nem sempre de retorno.

Pois então, a Rocklife traz essa matéria com toda a história dessa preciosidade engarrafada que é o bourbon favorito de "nove entre dez roqueiros" (ALARME ANTI-CLICHÊ dispara!!). Vale a visita pela matéria, um texto encorpado e saboroso, mas pelo resto de toda a revista também. Matéria com os meus amigaços do Madame Saatan, Demosul, 20 anos sem Cliff Burton (e se você não sabe quem é ele, volte agora aos estudos rock'n rollísticos, moleque!), Thin Lizzy e muita coisa nova também, como Dead Fish e Revolucionnários.

O endereço é direto pra matéria do Jack é o http://www.rocklife.com.br/reivstadigital/24.htm e o restante da revista está ao lado da tela. Divirta-se, porque o material é de primeira.

Bom demais ver gente fazendo trabalhos tão bons! Parabéns equipe Rocklife!

Há braços!


Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Soninha "Fora do Eixo"?


Pois é. Sim, é isso mesmo! Essa sorridente jovem-senhora aí da foto, ex-Vj da Mtv, parlamentar eleita, atualmente comentarista esportiva foi mais uma a se valer do termo e do conceito por trás do "Fora do Eixo".
Isso é bom?
Claro que sim! Na hora que o termo "Fora do Eixo" passa a designar situações que fogem ao eixo central, rico, bem nutrido, poderozzo, então é sinal de que o conceito é realmente forte. E como diz meu amigo Rodolfo, "o conceito é tudo!".
"Fora do Eixo" passa a ser então um "Bombril" ou uma "Gilette", um conceito tão forte que expressa toda uma idéia em um só termo.
Isso é fantástico! Reforça ainda mais o acerto de nossas iniciativas, a certeza de nossas futuras conquistas e a solidez das atuais.
Em seu blog, que está no http://blogdasoninha.folha.blog.uol.com.br/, Soninha escreveu sobre a conquista do Internacional no Japão. E pespegou o rótulo, entre aspas - o que aumenta a consistência, na minha opinião - de "fora do eixo" ao Inter. Eis o trecho:
Grande Internacional, que conseguiu impedir o Barça de conquistar um título inédito... Grandes Abel, Fernandão, Pato, Ceará, Iarley, Luis Adriano, Índio, Fabiano Eller, Adriano, Clemer e todos os demais... (Até o Rubens Cardoso, finalmente, foi bem-afortunado: é campeão do mundo!) Que bom para o futebol do Brasil ter um time “fora do eixo” fazendo esse bonito papel. Um time que se planejou a curto e médio prazo; que não fez da derrota no estadual, por exemplo, o motivo para um desmantelamento; que procura tratar a torcida como se deve. Isso é que é vitória merecida.

Muito bom! Eu gostei muito! E você? Diz aí o que achou!

Há braços!

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Diferença Diferente





Realmente eu não sei por quê. Mas aos seis anos de idade minha mãe me fez essa tatuagem. Bem, fez não, mandou fazer. Me levou ao tatuador, me sedou e quando eu acordei tinha o braço direito todo tatuado. Lembro que doeu muito nos dias seguintes, e eu não podia passar a mão e nem sequer tomar banho direito. Ficou muito inchado, por muito tempo. E quer saber? Eu nunca tive muita certeza sobre quem era mais maluco, se minha mãe ou o tatuador. Porque fazer um tatoo num guri de seis anos é maluquice. Não é?

Na escola foi difícil demais, todos os moleques queriam ver, perguntar, entender. Como? Nem eu entendia. Me sentia excluído, porque eu era muito diferente. Qual outro guri de seis anos de idade que você conhece com o braço direito todo tatuado?

Tive que mudar de colégio várias vezes, porque os professores estranhavam, os funcionários estranhavam, os pais estranhavam e normalmente nesse momento eu estava causando muita movimentação, e logo minha transferência estava pronta.

Com o tempo eu aprendi a esconder minhas tatoos, e deixá-las à mostra só quando me interessava. Usava mangas compridas, máscaras de queimadura, usava o braço numa tipóia dentro da camisa. O mais doido foi que eu comecei a gostar de ser diferente, acho que eu percebi que não tinha escolha e aí foi fácil ficar inventando formas criativas de esconder meu braço pintado.

Eu passava dias bolando novas idéias de como não mostrar o braço, e isso me divertia montes. Quando eu queria ser respeitado, mostrava o braço e logo tinha um par de olhos esbugalhados em mim. Se eu queria impressionar de verdade, aí eu tirava a camisa.

Eu gostava muito de ir aos shows de rock que havia na minha cidade. Naquele tempo, minha cidade era conhecida por ser um centro mundial de rock, coisa de lugar grande, sem ser lugar grande. Legal isso, né? E nos shows, quando eu tirava a camisa, isso causava um auê danado. Claro que isso era mais chocante porque nessa época, eu só tinha dez anos. E um moleque de dez anos com o braço direito todo tatuado era algo que não se via muito mesmo.

Com o tempo e o meu crescimento, as tatuagens começaram a borrar, a ficar esticadas, como um fax que você puxa antes da hora. E eu pensei em fazer os contornos, ficar tipo uma obra de arte moderna, mas minha mãe não deixou. Isso foi bom, porque hoje eu tenho nojo desse troço que chamam de arte contemporânea. E eu fui vendo elas se esticarem lentamente.

Por causa das tatoos, eu acabei convivendo sempre com gente mais velha, e aí eu sempre era o caçula dos grupos que eu me metia. Gente da minha idade, normalmente tinha medo de mim.

O que eram? Tribais, todas. Como os maoris, sabe? Coisa de guerreiro mesmo. Cobrindo todo meu braço direito. É bem verdade que as originais, que foram feitas aos seis anos de idade, essas quase não são visíveis mais, porque esticaram tanto que perderam a cor, e depois dos dezoito anos, minha mãe me deixou fazer novas tatoos. Eu tenho fotos das originais, e quando eu mostro as fotos todo mundo arrepia: “Úia o braço do moleque!!! Carai!!”

Por que ela não me deixou fazer outras tatoo antes dos dezoito? Sei não. Mas eu não reclamava, porque minha mãe, mesmo sendo meio maluca, era uma grande mãe. Trabalhadora, esforçada e muito carinhosa. Não me lembro de momentos com ela que não foram legais e divertidos, e naquele tempo tudo que me fazia falta era carinho. Eu era sempre o diferente, então as pessoas não se permitem muita proximidade de um diferente, mas minha mãe me supria de carinho, ternura, calor, essas coisas que realmente te fazem sentir gente, sem ter que se explicar ou justificar nada. Só ser o que você é. Minha mãe me permitia isso, ser eu mesmo. Não era um monte de tatoos, era uma pessoa amada.

Não, meu pai eu nunca conheci, não sei quem é ou quem foi. Deixa pra lá!

Depois que eu cresci, talvez as tatuagens não fizessem muita diferença, numa cidade estranha, mas na nossa cidade todo mundo sabia que eu era o “guri tatuado”. Me tornei tal como um personagem típico da cidade.

As tatoos nunca me impediram de nada, eu estudei, namorei, dancei, fiz sexo, acho até que fiz muito mais sexo por causa das tatoos.

Eu era respeitado por elas.

É bem verdade que as tatuagens maori eram feitas principalmente no rosto, mas as que foram feitas no meu braço seguiam as mesmas linhas. E quando eu descobri que essas tatuagens eram feitas somente em grandes guerreiros ou membros da nobreza maori, aí eu realmente me senti um privilegiado. Isso fez um bem danado para minha auto-estima, porque eu simbolizava um guerreiro, e qual guria não queria andar com um poderoso guerreiro nobre?

Lembro que eu nem me metia em brigas na escola, porque as pessoas sabiam que eu tinha atravessado horas de tatuagem aos seis anos, o que eu não podia agüentar depois disso? Corajoso ou louco, eu não era alguém para ser provocado.

Meu acidente? Que acidente? Ah, não! Isso é de nascença, eu nasci sem o olho e a orelha direita. Nunca senti falta, acho que até meus cinco, seis anos de idade, antes das tatoos; alguns moleques pegavam no meu pé, mas depois de eu ter surgido coberto de tribais no braço direito, ninguém ligava de eu ter somente um olho e uma orelha.

É verdade.... agora me lembrando eu vejo que pararam de encher minha paciência pela questão do olho e da orelha depois que fiz minhas tatoos.

Mas, realmente, até hoje não sei por que minha mãe mandou me tatuar...

Vai entender.
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
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quarta-feira, 13 de dezembro de 2006



Retirado do www.cartamaior.com.br, site da Agência Carta Maior.

Concordo e assino.

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

eduardoinimigo@gmail.com

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Morre o canalha Pinochet. E que dia!!!


Trata-se realmente de uma grande ironia, daquelas cínicas e safadas que só nos apronta a história, essa velha insana que junta retalhos e joga fora agendas cheias.
Pois vejam que no dia que finalmente morre um dos piores espécimes da raça, essa avacalhação chamada Pinochet, a história - ou o destino, dirão alguns - nos apronta mais uma.
A morte, afinal, do monstro chileno Augusto Pinochet - que morreu livre e milionário com dinheiro sujo e corrupto - no dia internacional dos Direitos Humanos beira o deboche.

Durma-se com um bagulho desses.


Registrar também o falecimento no sábado, vítima de leucemia, do grande Marcão, proprietário de casas famosas e tradicionais em Goiânia como Honky Tonky e Oroboros. Cara, o céu deve estar numa farra louca uma hora dessas. Vai na paz, Marcão!

Há braços!

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

DEAD ROCKS barbariza no Jô!!


THE DEAD ROCKS NO PROGRAMA DO JÔ
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Você pode detestar o Jô Soares e sua mania de falar mais que os entrevistados, ou achar aquele bongô dele uma tremenda empulhação, mas nessa sexta você tem um puta bom motivo pra assistir o programa do farto-horizontalmente (porque "gordo" é politicamente incorreto!): DEAD ROCKS!!
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Sim, é isso mesmo! Os alucinados da melhor banda de surf music do mundo (na minha opinião, e como o blog é meu, então é LEI! hahahaha)!!! DEAD ROCKS, que além de serem entrevistados pelo vasto-lateralmente (e O Inimigo do rei entrevistou o Dead Rocks antes!!! hahahahahaha Furei o olho do balofo!!! Pronto falei!), vão também tocar "Beach´s Bitch". Precisa traduzir? hehehe
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Vai passar na Rede Lobo, nessa sexta, dia 08 de dezembro, naquele horário que você já sabe. Todo mundo sabe.
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Divirtam-se, afastem os móveis e deixem Marky, Jonhy e meu chapa Billie te entortarem a espinha!!Boa festa!
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
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quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Dança, desgraçada!

Sim, é isso mesmo, escassos leitores, a Câmara dos Deputados serviu ao país, na noite desta quarta, a derradeira fatia da pizza do mensalão. Os deputados livraram da guilhotina José “4,1 milhões” Janene (PP-PR). Era o último mensaleiro que ainda aguardava na fila da guilhotina.
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Ficamos assim: eram 19 os congressistas pilhados com a boca na botija valeriana. Só três deputados tiveram os mandatos passados na lâmina: Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE). Outros quadro driblaram a guilhotina pela via da renúncia. E doze foram absolvidos pelo corporativismo da Câmara.
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Essa imagem dançarina da Ângela "Macarena" Guadagnin é tudo que nos resta na memória e na pouca vergonha na cara que temos. Um povo que toma tanta pancanda, que é ridicularizado dessa forma, que se espreme em aeroportos graças à inépcia dos governantes, e se limita a colocar um singelo nariz de palhaço ao invés de tocar o terror... realmente merece dançarinas desse quilate.
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Me lembro de uma greve na Universidade Católica, em que as negociações não avançavam e a reitoria estava visivelmente ridicularizando nossas demandas, um maluco da arquitetura se levantou no meio da assembléia e urrou "Isso acontece porque somos uns bundões. Se fosse na Coréia, o mais frouxo daqui já tinha se banhado em gasolina e tocado fogo no corpo, na porta da reitoria!". Todo mundo aplaudiu, ele se sentou e ninguém tocou fogo em nada. Não, me enganei, acho que ele acendeu um cigarro.
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Povo bunda!
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A imagem dançarina e a primeira parte do texto foram retirados do Blog do Josias, no http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
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segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

GAROTOS PODRES em quadrinhos



Por Marcus Ramone (01/12/06)

A clássica banda de punk rock Garotos Podres é a grande atração da nova edição da Quadrinhópole.
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O especial natalino da revista curitibana traz, além de um histórico do grupo, a quadrinização de Papai Noel Filho da Puta, uma das mais viscerais músicas dos roqueiros paulistas, e cujo adjetivo de baixo calão foi sutilmente mudado para "velho batuta" no disco de estréia, graças à malfadada censura que reinou no Brasil até meados dos anos 1980.
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A versão em quadrinhos foi roteirizada por Leonardo Melo e desenhada por Joelson Souza. Os Garotos Podres promoverão a Quadrinhópole em um show a ser realizado em Curitiba no próximo dia 16 de dezembro, durante um festival de rock. As primeiras 300 pessoas que comprarem ingressos ganharão um exemplar da revista.
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Completam a edição mais três histórias em quadrinhos: Undeadman: Maldição Perpétua (Parte 1 de 4), de Leonardo Melo e André Caliman; Inversão, por Abs Moraes (roteiro) e Jean Okada (arte); e Insanidade (Parte 1 de 4), com textos de Leonardo Melo e desenhos de Isaac Santos. A capa é assinada por Antônio Éder.
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Quadrinhópole #2 tem 32 páginas em preto-e-branco e papel couché, ao preço de R$ 3,00.
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Acesse o site oficial da publicação para mais informações sobre como adquirir a revista, ler o preview da edição e saber detalhes sobre o show dos Garotos Podres.
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Receita infalível de planejamento familiar


Essa placa é do SESI de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Realmente a objetividade das instituições de apoio à população chegou a um patamar de clareza quase brutal.
Vai entender...

Há braços!

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com