terça-feira, 26 de setembro de 2006

Joana D'ark - criatividade insana e personagens

JOANA D'ARK - A INTERPRETAÇÃO DE UM SONHO

Desejamos acima de tudo que nossos ouvintes, como nos sonhos, possam se desligar do padrão pensamento-afeto, padrão este que revela toda a parcialidade e unilateralidade limitada de nossa consciência... Procuramos apresentar aqui a interpretação conceitual das canções da banda Joana D'ark através do que estes símbolos (letra e musica) representam aos autores das mesmas.
No entanto, é mais importante para nós, a sua livre interpretação, transformando os símbolos e moldando a sua realidade, buscando suas próprias respostas e o autoconhecimento.

"O sonho é um ecossistema diferente, entre outros motivos, porque obedece às regras do inconsciente. Seu conteúdo é diferente porque o inconsciente é uma fonte inesgotável de conhecimento e energia. Portanto, neste novo ambiente o drama humano ganha novas cores, o que propicia maior energia e conhecimento para o individuo"

Para entendermos a mensagem de Joana D'ark, devemos utilizar o método da ALQUIMIA-SIMBOLICA , pois ela atua transformando os símbolos oníricos a realidade de cada individuo. Assim é narrada a saga de Joana D'ark através de 12 canções... Um romance contado por três personagens... Três vozes... Joana D'ark , Sofia, Testament...

"Sou agora um homem sonhando que é uma borboleta, ou sou realmente uma borboleta que sonhara com um homem?"

Sofia simboliza a insônia, de personalidade racional, material e cientifica, ainda assim, com fortes valores éticos, sua visão é unilateral, sua mensagem, direta, assim como podemos ver na canção Mente Clara, onde Sofia ganha voz. Sua constatação diante o aparente sofrimento de sua melhor amiga Joana é de inicio a displicência, por fim a insanidade.
Ao traduzirmos este ecossistema onírico, Sofia se transforma no amor, amor que Joana se distancia Paulatinamente desde o ponto que ambas adquirem asas distintas, Sofia se tornara Icarus, e o sol, seu objeto de valor primordial... O ouro... Com estas asas tecnológicas poderia voar ate mesmo contra o vento... Sofia, a águia, cada vez mais alto... Os prédios... Sofia é o avanço caótico e desenfreado. Sua pele agora metálica reflete o brilho ofuscante do imutável e eterno sol...
Joana que já havia perdido sua liberdade inocente (infância) que lhe conferia o "amor" de seus pais, também sofre agora a perda de sua pedra mais preciosa, o seu "Zahir". Diante a esta realidade sistematizada e subserviente, Joana, dentro da própria selva capitalista se isola num plano desmaterializado, inatingível aos olhos sólidos... Joana, um ermitão na terra dos sonhos, as brumas a se dissipar, suas asas oníricas, leves como a urze branca de Gibran, carregadas pelo suave vento, Avalon é o seu destino... "Você é o que você pensa"...
Na musica orquestrada pelo maestro Testament, o rito de passagem, do Levante ao inefável mundo idealizado por Joana. Pela visão ultra-romântica, podemos traduzir Testament como a imagem da "morte". Enquanto Sofia busca um espaço social, muitas vezes iludida quanto as possibilidades concretas de atingi-lo, Joana, nossa poetisa, em seu "mal do século" após deturpar a realidade, sente-se liberta dos condicionamentos e feridas ao tentar adaptar-se. Consequentemente, um acadêmico literário diria, "negando a vida o poeta se conduz ao delírio da morte, ao excessivo egocentrismo, a nostalgia de um passado medieval, desta vez idealizado, mais nobre, menos "embrutecedor". Segue-se as ilusões deste passado, o seu culto, do qual resultam mais demônios do que anjos. O poeta consumido por suas próprias idéias, torna-se "fantasma" ao invés de "eleito", transforma-se em "suicida vitimado" pela necessidade de uma vida melhor, uma vida maior, que, no entanto, não consegue conquistar".
Joana, já consumida, tem em posse as asas, asas essas, chamadas por ela de "A terceira Alma", a realidade moldada e pincelada pelos sonhos. Jacobina, personagem do conto O ESPELHO de Machado de Assis, nos apresenta as duas primeiras almas... "Cada criatura traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...", neste conto vemos a alienação, a derrota, a eliminação do homem-joazinho pelo alferes, a mascara imposta direta ou indiretamente pelo sistema.

Vejamos que em EMILIO obra de J.J. Rosseau, o ponto critico da formação social de Emilio é precisamente torná-lo apto a "viver com" os homens, mas não como eles, procurando assim, manter ao Maximo a nossa primeira alma mais consistente à segunda. Rosseau nos diz, "o homem da sociedade esta todo inteiro na sua mascara, não estando quase nunca em sim mesmo, quando esta, se acha estranho e mal a vontade, o que é, não é nada, o que parece, é tudo pra ele". Vemos assim a distinção entre Jacobina de Machado (corrompido pela segunda alma) e Emilio de Rosseau (lutando pela consistência da primeira alma).
Viver como Emilio se tornara impossível a Joana, e "viver com" os homens, seria para ela, angariar, mesmo que imperceptível, um mundo lúbrico de tentações e armadilhas, ou por outro lado, diante a essa massificação quase generalizada de Jacobina, viver em uma desperta e perene prisão...

"A invisibilidade é um dom que somente os invisíveis possuem, mas ninguém nunca viu..."

Testament é a imagem da morte, um ponto final aos olhos robóticos da sociedade sistematizada. Joana em seu namoro com figura da morte, vê o caminho para a sua realização, a idealização de um mundo satisfatório, o seu solar erguido por blocos oníricos, onde a matéria desintegrada oferece lugar apenas à essência. Testament, um paradoxo... A vida e a morte... É ele com sua ocarina, um canto sereno a controlar o vento que guiará Joana, envolta de uma plumagem que somente a verdade pode ver, assoprada levemente como a urze branca de Gibran, ao seu destino...

Desejamos, pelos nossos sonhos, que todos possam tomar conhecimento do desfeche desta saga, materializando mais um sonho, a produção de um álbum... Esta foi apenas uma leve interpretação dos símbolos (letra e musica) do ponto de vista-realidade dos autores... Terminamos aqui com três pontos, porque nunca há um fim, e a essência haverá de se manter sempre... Eterna...

Quanto à urze branca de Gibran...

A IMORTALIDADE
Ele falou da urze branca selvagem que sorri ao sol e doa seu incenso à brisa passageira
E Ele diria "os lírios e a urze branca vivem porem um dia, no entanto, este dia é uma eternidade despendida em liberdade"
KAHLIL GIBRAN

Bom ou não?

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

SANGUE SECO em Cuiabá! No YouTube.


Pra quem não foi a Hell City, eis um registro tosquíssimo do show do SANGUE SECO no Calango.

Filmado num celular, pelo nosso roadie-segurança-brother Ricardo Sahaquiell.

Algumas vezes ele grita junto com a banda, e fica engraçadíssimo!

Dá uma olhada no http://www.youtube.com/results?search_query=sangue+seco&search=Search e se diverte.

Se esse não abrir, olha nesse aqui http://www.youtube.com/watch?v=iujTNmoXTuY e manda brasa.


Há braços!!


Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei
eduardoinimigo@gmail.com

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Do desbunde pra bundice, que trajetória!

Estava revendo “Quase famosos” dia desses. E me veio aquela velha sensação que sempre tenho quando vejo filmes que retratam os “flash and crash days” que foram o final dos anos sessenta até o meio dos anos setenta: a vontade de ter vivido aqueles tempos. Isso porque tendo nascido no início dos anos 70 (em 1970, pra ser exatíssimo) eu vivi uma situação chata, porque quando cheguei “na festa”, ou seja, quando comecei a descobrir todas as tentações que podem assaltar um adolescente cheio de hormônios e desejos, a festa estava começando a abaixar o som.

Digo isso porque quando eu achei que ia “espocar a cilibina”, como diria o Glauco, a maioria dos grandes artistas mundiais estavam mortos ou morrendo por causa dos excessos químicos, fosse álcool ou drogas ilícitas. Quando eu achava que ia “comer” o mundo inteiro, a AIDS estava surgindo ameaçadora e cruel, obrigando o mundo a se comportar ou usar preservativos desconfortáveis e brochantes, isso porque preservativos ainda soavam como algo anti-natural naqueles tempos. Então para quem é de uma geração ou duas depois da minha, é natural usar preservativos, porque praticamente nasceram usando; e as drogas já não assustam tanto assim mais, mas eu sou de uma geração que foi ameaçada, e ou se lançava de forma corajosa/amalucada nas experiências ou se recolhia à sua covardia pequeno-burguesa e seguia a vida sem extremos.

E aí quando eu vejo um filme como “Quase famosos” ou leio um livro como “Mate-me, por favor” eu fico pensando como devia ser louco não ter medo de nada, lançar-se na vida com desesperada sede, experimentar tudo, viver tudo, assumir tudo que se pensasse, envolver-se em grandes causas e movimentações, perseguir o sonho kerouakiano e poder explodir em chamas sem receio. Assim eu sempre imaginei que fosse o ambiente rocker, com seus exageros vivenciais e ideológicos, mas me decepcionei quando finalmente pude provar o que é estar no meio rock´n roll.

Não porque os exageros químicos não existam, até existem ainda em enorme quantidade. Claro que já não possuem tanto apelo para mim, pois já passei da hora de começar uma vida junkie, e me limito a ser um “bêbado trincado”, como me chama o Beto. As outras drogas não me chamam mais a atenção.

A decepção vem da escassez ideológica do meio rocker. Escassez não define, a aridez é um termo mais acurado. Ao que parece o rock passou do desbunde sessentista para uma bundice no novo século, uma apatia, uma ausência de posicionamento e provocação, uma ida de um extremo ao outro sem freio nem pausa. Ao que parece o rock tornou-se tão somente uma opção de se afastar das questões e viver num hedonismo autista, mais que mergulhar nessas questões e buscar a dialética e a contradição, que eram combustível para grandes movimentações, discursos, posicionamentos e atitudes.

“O rock errou”, Lobão disse uma vez. Talvez seja isso então, o erro foi tentar mostrar uma cara politizada e ativista, quando na verdade tudo era somente festa e exagero. O erro foi me fazer acreditar que o rock fosse um canal de expressão do que pensamos e queremos para o mundo e para o ser humano, quando na verdade então o rock é somente um canal de expressão individualizada e egoísta. E quem quiser buscar algo de melhor pro mundo que monte uma ONG antes de uma banda. Será isso?

Dia desses numa discussão orkutiana um famoso participante reclamava que sempre que termos como “anarquismo, comunismo” e outros assemelhados surgiam na discussão, o povo reclamava, como se algo proibido estivesse sendo abordado, e brotam argumentos como “política é uma coisa chata” e coisas do tipo. Então fica a impressão de que os roqueiros de hoje são realmente os cabeças de vento que meus avós acreditavam. Isso me apavora, será que a visão radical, tradicionalista e conservadora, que por muito tempo foi alimentada por aqueles que sentiram o rock como um ato de guerra, será a certa? Será que eles afinal estavam com a razão?
Isso seria muito decepcionante. Prefiro acreditar que estamos vivendo uma fase letárgica, em que a reação será violenta e destruidora; prefiro acreditar que essa é uma transição em que os ressentimentos e rancores se acumulam e se potencializam. Prefiro acreditar então que a qualquer momento algo vai ensurdecer a patuléia que quer circo, e o grito vai se tornar único, forte, coeso, íntegro, e aí então vergonha vai ser não escolher um lado, ser radical e ter atitude (e esse termo finalmente vai fazer sentido).

Prefiro acreditar que meus avós estavam realmente errados, e que o rock é um lugar para cabeças pensantes, com idéias e ideologias, com posturas e que aceitam correr o risco por isso. Melhor que o rock seja o lugar em que as pessoas vão para ser sacrificadas e não para ser incensadas e louvadas. Melhor que sejamos os demônios ameaçadores em tudo que dizemos e acreditamos e não santos ocos, patéticos e inofensivos, mergulhados apenas em viagens químicas e negação.

Melhor que sejamos quase famosos, e não unanimidades inquestionáveis. Ou então que alguém nos mate, por favor.
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Há braços!
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Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Loaded 43 no ar!

Sim, é isso mesmo! Seguindo sua sina telúrica de urrar todas as semanas, O Inimigo do rei dessa vez apresenta a insana banda Mersault e a máquina de escrever. Vai até o Loaded no
http://www.loaded-e-zine.com/ e escuta essa banda criativíssima com muita atenção.

Divirta-se!

Há braços!

Eduardo Mesquita, O Inimigo do rei

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Agenda Rock e afins! Se organiza!!

Uma agenda básica do que vai rolar de rock nos próximos tempos. Se organiza e comparece, o rock agradece!

Fúria underground
Data: Quarta-feira, 6 de Setembro de 2006
Hora: 19:00
Local: MARTIM CERERÊ
Cidade: Goiânia
Detalhes:
Festival Fúria Underground com alguns dos nomes do
Thrash/Death Metal underground da região.
O Festival acontecerá no Centro Cultural Martin Cererê nos dois palcos alternadamente (Pygua e Ygua).

Bandas-> TEATRO PYGUA
Vacilo
Ressonância Mórfica
Holocausto (MG)
Violator (Lançando CD)(DF)
Spiritual Carnage
Eternal Devastation (Lançando CD)

-> TEATRO YGUA
Necropsy Room
Mob Ape
Terror revolucionário
Urban Cannibals
Terror Corpse
Mortuário (lançando CDr!!)

Ingressos Antecipados R$ 10,00 na Hocus Pocus.

5º VACA AMARELA
Local: Clube Social Feminino
Ingresso: 15 reais por dia, 25 o passaporte para os dois dias

SEXTA - DIA 22/09
18:00 - Sapo Verde
18:35 – Woolloongabbas, dos malucos Éder, Jordão e Hélio
19:10 - Sangue Seco (sim, é isso mesmo! Estamos com fome! HUHUAHUAHUA)
19:55 – Lake, do Frito Wassily
20:40 - Casa Bizantina com CD novo na praça
21:35 - Porcas Borboletas (MG), showzaço fantástico desses mineiros
22:20 - Mersault e a Máquina de Escrever, o som mais criativo e ousado dessas terras
23:05 - Pétala Mecânica
23:50 - Chapéu, Cerveja e Frustrações, do boss Pablito Kossa
00:35 - Rogério Skylab (RJ)

SÁBADO - DIA 23/09
17:00 – Sórdidos
17:35 – Pelúcias, da Sarinha
18:10 - Picolé de Nervo
18:45 - Perfect Violence
19:20 – Yglo
20:05 – Technicolor
20:50 - Macaco Bong (MT), som instrumental de altíssima qualidade, direto de Cuiabá!
21:35 - Bang Bang Babies do Pintinho, com Ep novo
22:20 - Johnny Suxxx and the Fucking Boys – precisa falar alguma coisa?
23:05 – Violins, precisa falar alguma coisa de novo?
23:50 – Valentina, quase lançando CD
00:35 - Ludovic (SP), a banda que faz o show mais porrada falando de amor e corações partidos. Inusitado!


TRASH - 3a MOSTRA GOIANA DE VÍDEO
A hora tá chegando! Dia 01 de setembro é o prazo final pra todo mundo inscrever seus filmes na TRASH - 3a MOSTRA GOIANA DE VÍDEO INDEPENDENTE! E dias 15, 16 e 17 ocorre o evento, com dezenas de filmes loucos de todo o Brasil e ainda a participação do mestre Ivan Cardoso (As 7 Vampiras, o Segredo da Múmia, O Escorpião Escarlate) ministrando uma oficina de cinema e lançando seu novo longa “Um Lobisomem na Amazônia”! Vai perder???
Maiores informações em www.mostratrash.com.br

Goiânia Noise Parties !
A décima segunda edição do Goiânia Noise Festival está a caminho! E para ir aquecendo os motores faremos 3 Goiânia Noise Parties!!!
Com entrada franca!!! Imperdível !!! Isso quer dizer GRÁTIS!!!! Iêba!!

30/set (sábado)
UNCLE BUTCHER (SP)
+ BANG BANG BABIES (lançando oficialmente o CD)
+ discotecagem rock
Local; Ambiente Skate Shop (rua T-30, Setor Buen)
Horário: 16h as 20h
apoio: Fósforo

21/out (sábado)
PROT(O) (lançando oficialmente o CD)
+ VIOLINS
+ discotecagem rock
Local; Ambiente Skate Shop (rua T-30, Setor Buen)
Horário: 16h as 20h

11/nov (sábado)
atrações a confirmar
Local; Ambiente Skate Shop (rua T-30, Setor Buen)
Horário: 16h as 20h

A promoção exclusiva do Goiânia Noise Festival é da 97FM.
www.monstrodiscos.com.brwww.goianianoisefestival.com.br


DEMO SUL 2006 - Data e local
Dia 17, 18 e 19 de novembro! Na bela cidade de Londrina!
A cidade do Rock Caipira Bruto, vai trreemer!
Local: CHACARÁ LIMA (ao lado do termas de Londrina) uma grande estrutura será montada para receber 25 bandas nacionais e um público de 1.500 por noite.
Tendas, Telões, Bazar do rock e muito mais...

E finalmente o Goiânia Noise, que será realizado nos dias 24, 25 e 26 de novembro.

Depois tem mais agenda!

Há braços!