segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Curralim Rock

Ontem rolou o Curralim Rock, em Itaberaí. O SANGUE SECO tocou.

Entendam, foi muito legal. Muita gente boa, muita risada, muita birita e muito rock. Um domingo inesquecível.

Depois conto detalhes.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Houve uma vez, eu me lembro...

era uma daquelas madrugadas que querem te sufocar. Tempo quente, ar abafado, nem uma folha tenta se mover. eu fui até a janela tentar respirar um pouco que fosse e então eu vi... correndo no meio da rua, completamente nua, com os cabelos em chamas e uivando de dor.
Nunca gostei de vizinhos mesmo.

Humpf!

InFernet, tecnologia que facilita e complica

Outro texto que saiu no Baba de Calango, o link tá aí do lado.

Sou do tempo da televisão sem controle remoto. Pode parecer incrível para alguns, mas se eu me cansasse da programação que estava assistindo e quisesse ver outros canais eu precisava me levantar para trocar de canal, e desde essa época romântica eu sempre achei incrível a tecnologia. Achava fantástico como aquelas pessoas apareciam na tela da Tv, sendo transmitidas aos milhões de pedacinhos pelo ar, sendo recompostas no tubo de imagem da sala de casa e ficando perfeitinhas, com todos os pedaços bem encaixados e isso tudo feito com uma velocidade que eu nem notava a montagem dos pedaços. Tenho consciência que isso me faz parecer um Cro-magnon, mas é a realidade. Sou um ser do século passado, valvulado, vintage, old-school, velho, chame como quiser.
Se o tubo de imagem já era uma maravilha tecnológica para meus olhos infantis, a Internet se cobriu da mesma fascinação aos meus olhos já não tão infantes. E no início da Internet (quem viveu isso deve se lembrar) era muito comum as Cassandras dizendo que as Chat-rooms e e-mails iam afastar as pessoas, exterminar os contatos pessoais e dinamitar as relações humanas. Como todas as profetisas de desgraça, essas não viam o lado positivo da situação e só conseguiam perceber que as pessoas iam se enclausurar e esquecer de tocar na pele um do outro, principalmente depois que surgiu o sexo virtual. Então foi um pandemônio: “Se as pessoas conseguem transar pela Internet, não vai sobrar nada de contato dentro em pouco!”. Mensagens do caos.
Nem vou me ater aos problemas que a vida virtual pode gerar efetivamente, pois para isso já existem revistas e reportagens e pesquisas aos montes por aí, e eu não vou conseguir acrescentar nada de útil ao tema. Mas quero falar do tanto de proximidade que a inFernet gerou para toda uma geração, facilitando assim a troca de informações, o surgimento de amizades e também de desafetos.
E tenho tudo para falar disso porque O Inimigo do rei se originou por causa da inFernet. Claro que não me refiro ao clássico e imortal jornal anarquista baiano, mas falo sobre o meu alter-ego (devidamente autorizado pelos criadores do Inimigo do rei original) que só apareceu porque a inFernet facilitava o contato e o contágio dos meus escritos. No dia 06 de julho de 2001, quando soltei o primeiro Grito do Inimigo e me tornei um assumido spamer, foi o momento em que comecei a explorar com mais dedicação todas as possibilidades que meu tacanho intelecto poderia alcançar nessa teia virtualmente infinita. Desse início até o Orkut e os blogs, muita coisa aconteceu, mas definitivamente essa interconectividade virtual é um símbolo hoje muito forte para ser ignorado.
Por exemplo, quinta-feira, dia 19 de janeiro, fui assistir aos shows da Beatrice, Grieve e Sunroad. Eram três situações diferentes dessas relações que surgem pela rede mundial. A primeira banda conta com uma vocalista que eu já conhecia e que já nos sentíamos amigos mesmo sem nunca termos nos encontrado. Cuca entrou na rede Inimiga e trocamos mensagens, discutimos, alimentamos idéias e tudo isso sem nunca termos nos visto, mas por estranhas que sejam essas relações, quando ela estava no palco e me viu, acenou, sorriu e eu fiquei com cara de paisagem por não ter certeza que a saudação fosse pra mim. É um mico gigantesco você responder a um cumprimento e depois perceber que aquele alegre “Alô” foi dado para alguém que estava atrás de você, e eu quis me poupar desse vexame. Mas o “Alô” era para mim, ela havia me reconhecido e me saudou. Depois conversamos muito e agora ela deixou de ser totalmente virtual para mim.
Com a banda Grieve existia outra situação de contato virtual prévio. O vocalista da banda, Ulisses, era alguém que eu só conhecia de Orkut, lendo tópicos um do outro, vendo aquelas pequenitas fotinhas de identificação, participando de discussões e mandando recados em intervalos irregulares. Conversamos depois do show, discutimos a apresentação da banda e ele foi mais um que se tornou carne & osso para mim.
Mas o caso da Sunroad era mais sintomático dessa situação esquizóide que é o contato virtual. O baterista da Sunroad, Fred Mika, é um sujeito que mexe com rock em GoiâniaTown há muito tempo, somos ambos freqüentadores dos mesmos botecos dos anos 80, mas não nos conhecíamos pessoalmente. Nos conhecemos no Orkut trocando pedradas e ofensas em momentos – eu reconheço – lamentáveis da comunidade GoiâniaRockCity, que conta com grande parte dos envolvidos com rock da cidade. Um pomposo arrogante com ares professorais e o outro um boçal embananado em teorias e termos científicos, nesse mundo virtual dois erros de comportamento. Humpf!
E eu me vi num dilema porque queria ir ao show da banda da minha amiga virtual, mas que era no mesmo dia do show do meu desafeto orkutiano, sem falar que bateristas costumam ter braços muito fortes. A curiosidade venceu o medo e eu fui. Assisti aos shows e ao final deles finalmente encontrei ao vivo com o Mika e ainda pude trocar algumas frases amistosas e tirar uma foto com meu “adversário figadal” do orkut e alguns amigos. Rimos do que antes se assemelhava a uma guerra religiosa, com crenças e ideologias sendo atacadas pelo embalo do mau humor e ficou ainda mais nítido que a inFernet é realmente uma ferramenta poderosa, mas que precisa ser utilizada com bastante critério.
Digo isso tudo porque meu primeiro contato com computadores foi em um poderoso e imponente CP-500 quando o mundo era novo e o mar morto ainda agonizava, e eu não posso negar minha fascinação com as facilidades proporcionadas pela tecnologia para seus usuários. Posso divulgar meus escritos e minha banda e o que eu bem entender pelo mundo inteiro, quando a realidade de algum tempo atrás era bem outra em que bandas suavam muito mais para gravar uma fita demo que divulgasse os seus sons por aí. As distâncias eram maiores e muita gente sumia sem oportunidade de ser visto uma vez sequer. Além disso, com tantos recursos disponíveis ainda existe a facilidade do registro desses sons, e o CD do Réu & Condenado é um exemplo claro disso (foi praticamente todo gravado num PC dentro do quarto). Mas “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, como diria o filósofo Ben Parker, e por isso a utilização dessa tecnologia precisa ser temperada pelo mesmo tanto de empolgação e cuidado. E antes que esse comentário possa transpirar uma diminuição no brilho gerado pelo encantamento com a inFernet, reforço que isso aumenta ainda mais meu envolvimento, por perceber que blogs, sites, orkuts, MSNs e assemelhados são formas poderosas de divulgação, comunicação, propaganda e discussão.
Falo do cuidado porque se no convívio social já existem oportunidades aos montes para discussões, atritos e confrontos, o que dizer de um “lugar” onde eu emito meus pensamentos na velocidade do pensamento e os deixo registrado para todo o sempre nos bits e bytes? Onde as pessoas expõem suas criações, conceitos e paixões de forma enfática, podendo gerar tanta empatia quanto repulsa por parte de quem lê do outro lado do ecrã.
Se na minha infância pensávamos muitas vezes antes de mudar de canal, porque isso implicava em vencer a preguiça, levantar do sofá e girar o seletor, atualmente precisamos da mesma prudência na inFernet porque palavras soltas não voltam.

Melhor pensar bastante antes de colocar algo no ar. Como esse texto por exemplo.

Essa é a logomarca do SANGUE SECO. O esforço de sobreviver, ferido, sangrando, se apoiando no peito do carrasco...

Desbravando terras virgens

Esse texto foi publicado no Diário da Manhã - www.dm.com.br - jornal aqui de GoiâniaTown e no Dynamite on-line - www.dynamite.com.br - o que muito me deixou satisfeito. Ver as letras assim voando é bom demais, e além disso abre mais espaços ainda.


O rock sempre foi tido como rebelde e transgressor, avesso a convenções e odioso rival de preconceitos e idéias pré-concebidas. Pois em Goiânia isso vem sendo praticado de forma ainda mais veemente pelos alucinados que alimentam a cena de rock independente. Estou falando dos shows de rock na Jump Club (http://www.jumpdanceclub.com.br/capa.asp) uma boate GLS da cidade que resolveu se permitir ao rock´n roll de forma inédita e criativa, gerando uma opção barulhenta nas quintas feiras da capital do pequi.
Isso se torna ainda mais importante quando verificamos a necessidade urgente e gritante de espaços para shows regulares na cidade, muito acostumada a festivais grandes (Bananada e Goiânia Noise, por ex.) e festivais esporádicos, pois uma cidade com a quantidade babilônica de bandas como Goiânia sente a falta de lugares para essas tantas bandas se apresentarem, desenvolverem seus shows e pegarem mais experiência em sua lide. Além de conflitos de datas em shows independentes, alternativos e toscos, que gera sempre a divisão de um público limitado quantitativamente, mas ávido por shows, sons e eventos; existe ainda a dificuldade de se encontrar espaço decente e apropriado para apresentações rockísticas.
Interessante e lamentável notar que, apesar de tantas bandas, selos bons, produtores competentes e muita movimentação, a cidade ainda pecava por não oferecer um bar/restaurante/casa de shows/pamonharia/qualquer coisa que tenha um palco decente, sistema de som adequado, cerveja gelada, bom atendimento e – o principal em madrugadas de semana – isolamento acústico ideal. A Jump tem tudo isso.
E o que chama mais atenção é perceber que tendo toda essa estrutura ainda enfrenta o problema de falta de público nas noites de rock. Ainda é deploravelmente comum ouvir comentários preconceituosos e sexistas do século retrasado e bizarrices assemelhadas ao se referir a casa, como se desejo fosse contagioso. Transe com quem quiser cada um, pois o sexo é a experiência mais anarquista do ser humano, totalmente livre de impedimentos, onde se encontra a maior expressão animalesca e que é tão libertária que pode ser praticada solitariamente, sem amarras nem cobranças. E me surge algum bisonho falando que por ter esse ou aquele grupo presente ele não pode presenciar, como se grunges não pudessem freqüentar shows de punkrock pelo risco de passarem a ser fanáticos escutadores de Ramones e DK. Francamente!
Quinta-feira, 29 de dezembro, fui até lá assistir ao último show do ano: Woolloongabbas, Shakemakers e A Coisa.
Além de presenciar três shows legais e um strip-tease arrasa-quarteirão, pude presenciar o melhor do lugar. A mistura que se torna o público da casa. Rockers, indies, punks, heteros, homos, de pouca idade, de muita idade, enfim uma fauna rica e variada. Durante o show dos Woolloongabbas uma galera de mais de quarenta anos encostada no balcão urrava com o rock dos pseudo-australianos entre goles gelados e cowboys. Os dois outros shows tiveram a presença maior do público típico da casa, e esse foi o momento em que a Jump Club mostrou que é o lugar para se fazer rock na cidade.
Mistura. Heterogeneidade. Variedade. Escolha uma palavra para definir o que é ver um show de rock sendo dançado por gente de todos os tipos, todas as idades, todos os jeitos, e você vai entender o que deve ser uma casa de rock. E a Jump é.
Quando desci do balcão, onde sentei para ver a Coisa tocar, acabei me metendo em um grupo de três mulheres, dançando frenéticas, a mais nova com cabelos prateados e com muita semelhança com uma tia minha já saudosa. Foi a comprovação para mim de que a casa da guerreira Regina Perri tem tudo para ser o lugar do rock constante da cidade.
Que os deuses do rock iluminem as cabeças que produzem eventos para organizar bons shows, as bandas se mostrem profissionais em seus compromissos e com isso o público vai aparecer em peso.
Nesta quinta tem show na Jump. E na próxima também.

DYNAMITE DESTACA FANROCK ENTRE OS 05 MELHORES SITES

Reportagem Postada em 09/01/2006 no FanROck - www.fanrock.com.br


"Traz a tequila, aumenta o som e vamos trabalhar!"
Essa é a sensação que eu tenho quando visito algum bom site de rock. A impressão de que os caras trabalham com o som ligado, um CD dos Pedrero no último volume tocando "Menino com doença", alguém hardcoreando furiosamente ao lado da janela e uma garrafa de tequila correndo ao redor, servindo fartos goles. Tenho essa impressão porque a leitura é tão boa e divertida que parece que foi tudo feito numa festa. Claro que para ser bom tem que ser muito informativo, com postura e atitude, com posicionamento duro e crítico (muitas vezes desagradando alguns), e o mais importante; com integridade.
Quer entender melhor a sensação? Se você tem banda vai entender. É mais ou menos quando no meio do ensaio "surge" aquele riff poderoso, forte e animado, que casa perfeitamente com aquela letra ácida que vinha martelando na cabeça há algumas semanas e no meio de muita risada, goles e diversão; surge a música que vai animar os shows da banda dali em diante. E a prova maior de que aquela folia no estúdio tinha foco e era séria surge quando alguém reconhece o valor da música que a banda fez, ou melhor ainda, do EP que a banda fez. Nesse fim de 2005 eu vivi esse reconhecimento quando o EP do SANGUE SECO ( www.sangueseco.cjb.net), banda de punk rock em que sou letrista e vocalista, recebeu o destaque entre os 05 melhores EPs Nacionais do ano. Essa menção honrosa veio na lista de melhores do ano do Vinícius Lemos, do site FanROck ( www.fanrock.com.br). Foi muito bom! Ver que tudo aquilo que colocamos nossas verdades, nossas crenças, nossas ideologias; e ainda nossa alegria, farra e fúria, é visto como música de qualidade e merece esse destaque. Foi muito bom!
E eu fiquei pensando em como agradecer propriamente essa indicação. A oportunidade surgiu quando eu vi a lista de melhores do ano feita pelo Pablo Capilé em sua coluna Fora do Eixo no Dynamite on-line ( http://www.dynamite.com.br/2003a/view_coluna_action.cfm?id_colunista=32&id_show=198 ). Um reconhecimento de peso, porque o Capilé é o cara do Espaço Cubo, que organiza o Festival Calango em Cuiabá; um cara que agita a cena da região e que tem uma folha corrida de excelentes serviços prestados à causa do rock independente. E o Capilé colocou o FanROck como um dos cinco melhores sites de rock do país em 2005, mostrando que o site já deixou de ser promessa há muito tempo, e hoje é uma realidade incontestável nos esforços Fora do Eixo por todo o país.
Isso vem mostrar de forma inquestionável, que o FanROck já tem seu espaço de destaque por seus esforços de fomentar o rock independente na região norte, aglutinando cabeças pensantes, ações eficazes e muita informação. Essa polarização que vem surgindo em Rondônia, muito graças aos esforços desses alucinados do site dentre outros tantos, tem o mérito de mostrar ao resto do país que o rock independente não vive exclusivamente no eixo Sul-Sudeste ou nas capitais Goiânia/Brasília como muitos ainda querem acreditar. Enviados especiais a todos os festivais de peso do país, informações ágeis e a busca pela profissionalização dos envolvidos no rock do norte mostra o peso e a importância que o FanROck já possui.
Confesso que no meu primeiro contato com o site fiquei muito surpreso, porque acostumado que estava aos Bananadas e Porões da minha região, eu não imaginava que havia tanta coisa acontecendo para depois das fronteiras do rio Araguaia. Ignorante eu, assumo, porque mesmo aparentemente longe muita coisa acontece para os lados mais de cima do Brasil, mostrando que não existem distâncias nem fronteiras para trabalho de qualidade e talento. Por isso o RO tão maiúsculo no meio do nome do site, que eu confesso que levei um tempo para entender, mas quando finalmente compreendi eu pude ver o tanto que esses caras acreditam na região deles e o tanto que defendem a expansão dos limites tênues do rock independente. Muitas bandas de qualidade em estilos variados, festivais, festas, shows, tudo isso que descobri no FanROck, pesquisando, baixando MP3, lendo e me divertindo. Me divertindo muito. E eles não se satisfazem em pesquisar, apoiar e divulgar as bandas, além disso, também produzem e levam para outros festivais, integrando as iniciativas Fora do Eixo com muito empenho e vontade. E aí vem o Capilé dar esse destaque.
Essa união que surge nos estados Fora do Eixo é o que vai fazer 2006 um ano muito mais produtivo e divertido, levando informação e música para todos os cantos do país, mostrando que existe muita gente trabalhando sério, mesmo sem ganhar grana com isso, mas ainda acreditando que vale a pena.
O FanROck é a representação bem feita de tudo que foi discutido no último Goiânia Noise que resultou no Fora do Eixo. A profissionalização dos envolvidos nos esforços do rock independente, a divulgação de informação, o fomento do crescimento; tudo voltado no desenvolvimento de um ambiente produtivo que sempre foi visto de forma amadora pelos amantes da mesma. Todos envolvidos sem dúvida amam o rock, mas o amor somente não faz o processo avançar, pois além do amor também são necessários o suor, a teimosia, a garra, a dedicação e uma crença cega de que é possível, permitido e valioso sonhar. Sonhadores assim que agora obtém o justo e digno reconhecimento nessa menção feita pelo Capilé.
Para nós do SANGUE SECO foi motivo de muito orgulho ser citado na lista do FanROck, e por isso nós podemos imaginar o que o Vinícius e seus comunas estão sentindo agora. Esse destaque só vem dar mais tesão de brigar, só vem realçar o gosto de sangue nos dentes e mostrar que não estamos sozinhos. Se alguma vez algum de nós perder a vontade, desanimar ou quiser desistir, é só lembrar que existe gente muito boa no mesmo combate.
Ainda existe muita coisa para fazer e quase nunca existe facilidade para fazer o que é necessário. Obstáculos existem aos montes, gente baixo astral sempre aparece e isso abala até o mais preparado. Mas reconhecimento é um troféu que não junta poeira, fica pra sempre marcando a pele e o FanROck já pode se orgulhar de ter essa tatuagem.
FanROck, parabéns!
Agora passa a tequila e aumenta o som!

O Inimigo do rei se apresenta ao Baba de Calango

Essa foi a apresentação que eu fiz para o blog do Gustavo, o Baba de Calango http://babadecalango-to.zip.net do Tocantins. Colocar aqui para registro...


Apresentação. É uma coisa tão normal e cotidiana que nem prestamos atenção, e aí quando alguém pede uma apresentação surge esse soluço criativo, de não saber dizer nada por medo de soar bobo. O lógico seria dizer então como começou essa história com o rock e que me traz até aqui.
Como começou?
Aí a memória não ajuda e fica complicado lembrar quando começou o contato com o rock, me lembro de ouvir Beatles sempre muito alto no velho toca-fitas do meu pai. Fuçando entre seus discos e fitas, entre Bienvenindo Grandas e Nelsons Gonçalves sempre era possível achar algum LP de trilha sonora de novela com uma música do Alice Cooper ou outra do Black Sabbath. Não era fácil, mas era possível ir saciando a fome de rock. Meus primeiros discos foram de heavy metal (Kiss – Creatures of the night), antecedendo uma época em que heavy seria moda, passaria na Tv e teria festival milionário. Comprava as velhas SOMTRÊS e entre explicações técnicas de como instalar um twetter no carro, eu encontrava matérias falando de shows na Europa ou discos lançados nos Estados Unidos.
Tudo isso é meio nebuloso, mas me lembro com clareza do dia em que pus as mãos em um disco com a capa amarela e rosa, com o título feito de recortes de jornal e com um palavrão bem destacado: “Never mind the bollocks”. Eu era um moleque que estudava inglês pensando em conhecer a Disney, mas vi muito mais utilidade nesses estudos quando comecei a escutar a voz rasgada e agressiva daquele disco. Guitarra suja, bateria direta, agressividade, raiva, fúria, e eu vi que tinha encontrado o que queria ouvir o resto da vida. Bom, talvez eu não tenha percebido naquele momento, mas eu havia encontrado.
Outro momento marcante e inesquecível foi quando numa tarde quente e despretensiosa, perdendo tempo numa loja de discos, eu vi um LP Branco! Fiquei surpreso quando vi aquele disco branco, imaculado, com um pôster violentíssimo e novamente minha vida deu outra guinada.
Por algum tempo enquanto adolescia, eu ainda vivi sendo punk, até perceber que o que me chamava atenção e gerava identidade não era ser punk, mas era ser libertário, anarquista e ouvir punk rock. Então eu podia ouvir punk rock sem ser punk. E pensando dessa forma eu participei da organização do Primeiro Encontro Anarquista do Centro Oeste e vi que organizar eventos era bastante mais complicado do que eu imaginava, afinal de contas tivemos três participantes no Encontro, e por coincidência eram os três organizadores. Demos risada e fomos embora. Hoje um é artista plástico, outro está morto e eu estou aqui. Nunca mais nos falamos.
Mas eu, talvez por caminhos tortos, tenha sido o que mais se manteve na trilha desenvolvida naqueles anos insanos. E por caminhos bem tortos realmente, porque me mantive ao largo das atividades do rock na cidade durante os anos 90, época da Liga Hardcore de Goiânia, época do Cantoria, época de muitos e muitos zines feitos e distribuídos por goianos visionários. Eu me dedicava à estudar, conseguir um diploma para ao menos ter cela especial em caso de alguma eventualidade (o que se provou bastante útil um dia, mas isso é outra história) e finalmente me tornei psicólogo. Fiz teatro, muito teatro e pensei que nunca mais ia me envolver com rock, me resignando covardemente a ser eternamente um ouvinte atento e curioso. Me apaixonei, casei, arrumei trabalhos, perdi trabalhos, arrumei trabalhos, estava quase virando um “homem sério” quando nova guinada surge na minha vida. Pareço ter um gosto especial por guinadas.
Estava novamente estudando, tentando aumentar as páginas no meu currículo e o meu valor no mercado de trabalho, quando senti que em meio a tantos profissionais gabaritados eu precisava fazer algo diferente, e nesse momento me tornei O Inimigo do rei. Passei a escrever, cooptar comunas que tinham pensamento libertário semelhante ao meu, disseminar informações e incentivar discussões. O Inimigo do rei que havia surgido como um spammer, tornou-se o criador de um grupo de discussão incandescente na inFernet, com gente de todos os lados do país, com gente de todas as cores, todas as ideologias, todas as opções sexuais, todas as matizes e características. Um grupo que chamamos carinhosamente de Vila Inimiga, em que todos são aceitos, todos têm voz, não existe censura, limite, barreira, nada. Existe apenas muita sinceridade e muita responsabilidade, pois todos têm o direito absoluto e inalienável de falar o que bem entende, e de pagar o preço por isso. Esse princípio anarquista nunca me abandonou, e nosso bando de alucinados inimigos e inimigas preserva isso como condição básica de argumentação e convivência.
Essa Vila Inimiga cresceu, nosso grupo de discussão passou da primeira centena de pessoas, e montamos um grupo de teatro, e depois fizemos um zine, e depois fizemos um roteiro de curta metragem, e depois fizemos encontros nacionais, e depois começamos a montar a nossa ONG. E a tudo isso O Inimigo do rei participando do rock na cidade como um ouvinte. Apenas. Mas para não fugir dos hábitos de uma vida de tombos e trambolhões, novamente uma guinada nos rumos se apresentou e numa conversa entre inimigos surgiu a idéia de montarmos uma banda.
Parecia até um delírio, porque aos 34 anos de idade eu já não imaginava que fosse fazer rock. Mas junto de outros três delinqüentes eu entrei num estúdio no dia 31 de janeiro de 2005, para pela primeira vez cantar punk rock num microfone. Nosso baterista, o mitológico Luciano Bocão, também inaugurava sua vida de rocker naquele instante, por estar tocando bateria pela primeira vez. Nosso baixista Flávio Calango e o guitarrista Guga Valente já eram figuras antigas e experientes do rock, e essa mistura de ingredientes inesperados gerou o SANGUE SECO. O primeiro nome da banda era Vulva Dentada, um pesadelo psicanalítico junguiano terrível, mas que infelizmente era um nome muito pesado. Somos homens de família, não ia pegar bem. Dias de discussão e nomes jogados pra cima, até uma conversa no MSN entre eu e Guga que gerou o nome atual. O nome que defendemos e temos muito orgulho. Como disse o Hélio, “ter essa energia aos 35 anos” era algo que eu não imaginava nunca. Energia para carregar esse nome, honrar esse nome, defender esse nome.
O nome que me traz para o rock, agora como frontman e sex-symbol (huahuahuahuahua) de uma banda de punk rock old school. Punk rock como eu ouvia nos antigos anos 80, quando adolescia. Punk rock que tocamos hoje o mais alto possível e em qualquer lugar que nos chamarem, quando ainda adolesço.

E o resto foi muito rápido. O SANGUE SECO lançou um EP, fez shows, eu conheci um monte de gente legal, resolvi que em 2006 eu ia participar ativamente do rock, tentei escrever um texto, daí surgiu outro, outro, e o Gustavo me chamou para participar do Baba de Calango. Por isso estou aqui.

Meu nome é Eduardo, eu sou O Inimigo do rei.

Cara de Cachorro avalia o SANGUE SECO!!

CONEXÃO PEQUI:

SANGUE SECO:
Punk-Rock com cara de Rock ou Rock com cara de Punk? Talvez esse ‘tostines’ explique o fato de enquadrarem a velha Inocentes como uma banda Punk. Na Sangue Seco, banda de Goiânia, e nova investida de meu amigo, poeta e multi-banda Guga Valente, vai por aí e segue além. Tem muito de Mercenárias e Replicantes aqui também. A banda gravou um caprichado CD demo, com 6 boas composições com toda a simplicidade e eficiência do velho Punk-Rock ou Rock-Punk, sei lá. A gravação ficou um pouco baixa, mas nada que comprometa. As letras são bem escritas e fogem do ponto comum. A capa é muito legal (psicose na veia!) e comprova que dá para fazer coisa bonita utilizando apenas o bom e velho P/B. destaque para a voz acertada de Eduardo, o Inimigo do Rei, e um todo especial ao CDr com desenho de vinil. Sangue Seco is very cool!

Cont.: www.sangueseco.cjb.netsangueseco@gmail.com - (62) 8142-9742

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006



SANGUE SECO

Esses são os sujeitos da banda. Na ordem de lá pra cá estão:

Eduardo, O Inimigo do rei - vocal

Luciano Bocão - bateria

Flávio Calango - baixo

.guga valente. - guitarra

PUnk rock reto, básico e agressivo. Desde 31 de janeiro de 2005 aterrorizando nossos sonhos...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Isso é um teste.
Primeiro post, só pra ver como fica.